sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Que fluam os sentimentos.

Fechei-me pro amor. Não que eu não acredite na existência desse sentimento surreal, mas eu, simplesmente, achava que eu não estava preparada emocionalmente para sentir dor novamente. Nunca pensei que algo desse naipe fosse me causar um trauma dessa forma. Já pensei em traumas, mas de forma mais "palpável" e violenta. O amor é algo violento? Não, não penso que seja, mas devastou-me internamente por completo. Passei noites pensando que sofrer desse modo, uma única vez, já era o suficiente. Constatei que foi tudo em vão - o trauma, o medo, o casulo que criei à minha volta. O tempo passa, e por mais incrível que pareça, a dor também. Aquele velho - e sábio- ditado que sua vó já falou para sua mãe, e sua mãe, por vez, falou para você, é real. O tempo cura tudo. Então, algo aconteceu. Pela primeira vez - após alguns anos sem vê-lo - eu estive com você. Meu coração se derreteu pelo chão, como se agora apalpasse - coração apalpa? whatever! - algo real. Já nem ligo mais pra promessa que fiz com minha imagem refletida no espelho. Não, definitivamente, não quero ser cética em relação ao amor. Amor é vida, é sorriso, é olhar, é carinho. Se faz sofrer de forma dolorida, não é amor. O sofrimento que o amor causa é saudável. É aquela dorzinha no peito esperando uma ligação. É aquela saudade que corta por dentro.
Não, não estou apaixonada. Apenas não estou mais criando barreiras para te manter afastado. Para falar a verdade, nem sei o que vai acontecer. Planejamentos! É exatamente disso que eu não preciso agora. Quero viver, cada dia, intensamente. Amanhã? Dane-se, o que me faz forte nesse momento é o meu "agora", e é nele que quero me focar. Meu coração estava trancado por uma veia, que impedia que qualquer sentimento entrasse nele, mas impedia também que qualquer sentimento saísse. Então, você me lança esse sorriso e abre passagem, desobstrui esse entupimento nocivo e eu deixo fluir. Que flua a passagem e saída de sentimentos. Que saía a dor e entre a calma. Que caiam as lágrimas e brotem sorrisos. Que saia ele e entre você.
A dor esvaindo-se do meu peito, fala alto. Eu tento muito não ouvi-la, mas ela fala muito alto. O som cortante enche meus ouvidos, dizendo-me para não me entregar. Tenta me encher de dúvidas. Eu sei que o objetivo dela é me proteger das decepções. Mas, nesse momento, nada é maior - e melhor - do que o risco que vem do seu abraço. Por mais que eu veja o rosto dele aonde quer que eu vá, é o seu rosto que me proporciona a paz que me invade por completo.
Você está "drenando" toda a dor que eu tinha em mim. Você não espera nada em troca. Você alimenta meus anseios. Você renasce o meu eu. Finalmente, você desperta a minha vontade de ter alguém, novamente.
A sua calma transformou minhas feridas em cicatrizes. Eu não as escondo. Não as omito. Eu já amei alguém. Não escondo nem de mim, nem de você. Confesso que até pensei, por muito tempo, que não poderia viver sem ele. Que não poderia amar sem ele. Mas você chega com esse sorriso, e arrebata todo o meu ser. Agora percebo que doeu muito, mas cicatrizou, e sorrio. Tudo ficou bem com o tempo. Vou sorrir, e fazer você sorrir também, pois você merece.