quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Irracional?

O que você faz quando sabe que alguma coisa é ruim pra você e ainda assim não consegue deixar de lado? Eu era inocente, não inocente de ser boba, mas inocente no quesito de que as pessoas poderiam machucar-me intencionalmente. Seu amor era como um doce, artificialmente suave, e eu sei que fui iludida com a embalagem.
Estive presa em sua teia, e ela é um emaranhado de coisas viciantes, que não consegui me soltar. Você me ensinou tanta coisa. Aprendi a sangrar, a chorar, a desacreditar, a mentir, a decepcionar-me comigo mesma. Eu me achava tão esperta e inteligente. Fui presa em sua cama, por livre e espontânea vontade, e devorada completamente. Incrível como o sexo consegue aflorar a irracionalidade e o lado animal de um ser humano. Eu realmente achava que com você, só com você, seria assim, tão perfeito.
Isso machuca minha alma, pois eu não consigo esquecer o seu sorriso, mesmo que ele me pareça falso. Todas essas paredes que construí a minha volta, na tentativa de me livrar de você, estão sendo cavadas e derrubadas. Creio que não preciso mais delas.
Mesmo assim, não consigo conter meu sofrimento. E eu odeio deixar transparecer que eu perdi o controle. O meu auto-controle. E os erros permanecem os mesmos, pois eu continuo voltando exatamente para as coisas das quais preciso me afastar.
Eu já deveria saber que fui usada para diversão. E mesmo sendo alimentada por medos e inseguranças, não pude ver através da fumaça do seu cigarro, que tudo não passava de uma ilusão. Agora eu estou lambendo minhas feridas, como um animal lambe seus machucados na tentativa de cicatrizá-los. Porém, o veneno penetra profundamente... Esse poder de sedução que você usou comigo, eu também possuo, mas mesmo assim, é você quem me mantém prisioneira.
Eu estou a ponto de quebrar. Eu estou viciada em seu encanto, e não conheço nenhum contra-feitiço que possa quebrá-lo. E estou procurando por um remédio, que cause-me uma superdosagem de sentimentos inversos por você. Cada passo que eu dou me conduz a mais um erro dos muitos que esse amor repulsivo já me fez cometer.
Por mais que pareça impossível, eu sei que só eu posso reparar esta situação em que estou. Falo comigo mesma, parada em frente ao espelho, e não obtenho resposta alguma. Será que ainda vive alguém dentro de mim? O que eu fiz pra merecer a dor dessa lenta queimadura, que se espalha pelo meu corpo, mais e mais.
Toda vez que eu tento aspirar o ar, eu sou sufocada por um desespero que eu mesma causei. Por que isso nunca acaba? Parece que eu nunca acordarei desse pesadelo. Fecho os olhos e envio uma prece silenciosa. Isso tem que acabar... Por dentro eu estou gritando, suplicando, implorando para que isso acabe.
Agora o que fazer? Meu coração foi ferido. E ele parece-me tão triste, mas a verdade é que cada batida me lembra de você. Estúpida. É o único adjetivo que consigo agregar a mim nesse momento. E isso me tira o sono. Isso me tira a paz.