terça-feira, 7 de outubro de 2008

Deixe-me ser sua água.

Sinto-me como se eu estivesse sobre o oceano e muito distante, distante mesmo, de tudo de bom - e ruim - que me rodeia. Talvez eu sinta isso por estar vivendo num mundo diferente de todos que me rodeiam. Nesse casulo que criei à minha volta, nada me atinge, nem os problemas, nem as tristezas, nem a felicidade. Viver em estado vegetativo, entende? Privando-se das lágrimas, mas também dos sorrisos. Estou somente esperando como um iceberg, flutuando sobre as águas geladas de um oceano qualquer. Esperando mudar. Esperando que alguém me resgate, possua-me e me faça perder esse medo de ser, realmente, feliz. E a cada dia que convivo sozinha nessa redoma, sinto-me mais e mais fria por dentro. Transformei-me em gelo, estou engessada num momento do qual não sei como fugir. E tudo o que gostaria nesse momento, era ser como a água, rastejando-me oceano à fora, areia à fora, mundo à fora, sem medos, sem receios, sem desculpas.
Olho-me no espelho, e tudo o que consigo enxergar são meus músculos apertados em minha face, dando-lhe ar de desespero. Enterro minha alma em um abraço desconhecido, e não consigo encontrar conforto. Tudo o que preciso nesse momento, é do fogo, para derreter o gelo que personifiquei dentro de mim. Mas o fogo diminui, e meu gelo não transforma-se em água. E meus medos não transformam-se em ousadia. E minhas lágrimas não dão lugar ao meu sorriso.
A maioria dos dias está cheio de desculpas esfarrapadas, e por mais que seja duro dizer, eu gostaria que fosse simples, tão simples quanto me afirmam que realmente é. Mas eu desisto facilmente. Desisto dos amores, das vontades, dos sonhos. Só não desisto da dor, dos medos e da angustia que me empedra cada vez mais. Você está próximo o bastante para ver isso e mesmo assim sinto que você está do outro lado do mundo para mim. E quando teu sorriso mostra-se para mim, eu sinto luz, sinto paz. Porém, o pânico toma conta do meu corpo, segurando-me com dedos, braços, mãos, impedindo-me de sair desse casulo, desse gelo que me transformei. Sentimentos parecidos com fogo insistem em se apossar de mim, mas o medo ainda me domina.
E se chegou a hora de seguir em frente, e nossos caminhos se separarem daquela colina logo ali a diante, você pode me ajudar a trilhar uma vida com você? Você pode me deixar ir ao seu lado? Você pode quebrar o gelo e transformar-me em água, para deslizar pelo seu corpo quando eu bem entender? E você poderá ainda me amar mesmo quando você não puder me ver mais?