segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Só dele.

Eu, sinceramente, odeio aquele monte de fechaduras que ele colocou na porta do apartamento. É extremamente irritante perder, praticamente, 5 minutos do dia, fechando e abrindo fechaduras. Mesmo já estando irritada no início da manhã e estar quase atrasada pro trabalho, tentei respirar e ver algo de bom em toda aquela situação. Eis que enquanto eu tento fechar a porta e segurar a bolsa e a mochila, a vizinha da frente abre a porta. Eu já a conheço há uns 4 anos, e sei que ela somente abriu a porta para verificar o que estava acontecendo no corredor - de repente por que deixei cair o molho de chaves no chão mais ou menos 4 vezes, o que causou certo barulho. Ela me olha com aquele ar de bisbilhoteira e solta a frase: "Você é a mulher do D.? (preservarei o nome do amado para nossa privacidade), eu olhei para trás, tentando segurar o riso. Meu deus, mulher? Creio eu que nem sei o que é ser, realmente, mulher de alguém. Achei a pergunta dela extremamente estranha, virei para ela e disse: "-Mulher dele?", ela afirmou positivamente com a cabeça e completou: "-Pensei que sim, está na casa dele há quase uma semana." Após tal comentário, neguei-me a dirigir qualquer palavra para a vizinha - que está hora já me parecia a bruxa do 71. Como pode alguém, ter tempo suficiente na vida, para controlar a hora que entro e saio do apartamento dele?
Milhões de perguntas vieram a minha cabeça. Eu não sei nem exatamente ao certo se já estamos namorando, mas creio que esse excesso de convivência e intimidade devem-se ao fato de já termos vivido um relacionamento há alguns anos atrás. Sinto-me otimamente bem ao lado dele, na realidade não gostaria de desgrudar dele nem para ir trabalhar - ok, isso realmente se faz necessário - mas será que eu já estou preparada pro relacionamento que estamos trilhando? Tudo bem, as coisas vêm fluindo naturalmente, sem pressa e sem pressão alguma, mas aquele medinho de sofrer ainda faz eu me recolher um pouquinho no meu casulo.
Quando nos reencontramos, eu sei que não estava procurando nele alguém para conversar. Tenho meus amigos, estou mais do que bem em relação à isso. Tenho mais do que uma mulher poderia desejar, vivo meus sonhos, busco por ele e faço questão de não seguir todos os conselhos que derramam sobre mim. Então, ele entrou na minha vida, assim não mais do que de repente e me mostrou que eu estava sentindo falta de sentir algo real. Mostrou-me que tudo que eu precisava era de alguém que me visse - e aceitasse - tal como eu sou. E agora tudo o que peço quando vou me deitar e para não mais acordar sozinha, sem o corpo dele do meu lado. E quando a saudade bate, e o medo se faz presente, eu sei que a qualquer momento ele vai entrar pela porta de casa - da nossa? ou da dele? já nem sei mais - e me sorrir aquele sorriso que me deixa em completo frenesi, tomando meu corpo como se eu fosse o que ele mais quer no mundo - e eu sou!
Sei que a resposta para todas essas minhas inseguranças é na realidade a dúvida - idiota, confesso - em saber se com ele é, realmente, pra valer. Então, eu tenho a certeza de que logo lhe darei todo o amor do mundo, pois ele me conquista e cativa cada segundo mais. Muitas vezes me perguntei se o amor é uma ilusão, que faz com que passemos pelos dias mais solitários, mas ao lado dele vejo que não é. A solidão que o dia causa dentro de mim é somente a saudade que se manifesta em mim por não estar do lado dele. Não posso criticar, não tenho dúvidas ao que ele sente. Minha imaginação - e imaturidade - apenas me roubou - ou quem sabe postergou? - os momentos que eu viveria ao lado dele hoje. Sei que o amor dele manteve-se "para sempre" mesmo durante todos esses anos que estivemos separados, então como pude, um dia, ter tido coragem de jogá-lo fora? Sou humana, e toda pessoa que faz jus à sua espécie, faz cagadas na vida.
Então, fui caminhando pelo corredor do prédio, parei próximo às escadas. A vizinha continuava na porta, olhando para mim, como se esperasse uma resposta. Olhei para ela e sorri: "-Sou dele! Não se faz necessário nenhum tipo de classificação...", mas mesmo assim continuei irritada com o fato dela estar vigiando os corredores do prédio.