quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Só ele.

Não costumo crer em muitas coisas. Não acredito que o mar algum dia perca o sabor de sal. Não acredito em simpatias, nem no azar, nem na sorte. Não acredito nem em mim por completo. Não acredito que existam outras galáxias. Não acredito em ET's. Não acredito na fé desmedida. Não acredito em bom-humor matinal. Não acredito na beleza das atrizes de Hollywood. Não acredito em Machado de Assis. Não acredito no Lula, nem no Obama.
Eu só acredito em teus sorrisos e teus olhares. E também nos beijos que você me dá. Acredito nesse amor que me impulsiona a procurar te fazer mais e mais feliz todos os dias. Acredito em teu toque. Acredito nas nossas brigas. Acredito nos nossos carinhos. Não estou nem aí pro mundo, falem o que quiser. Você é quem me ensina a acreditar cada vez mais nas coisas, pessoas, atitudes.
E mesmo que o fato de eu ser cética a tantas coisas te incomode, e eu passe horas e horas argumentando o porquê dessa minha forma de pensar, não me deixe. Por que eu não acredito que ninguém te amará como eu. Mas no nosso amor, no teu amor, eu acredito.
Quero ser teu alicerce. Quero ser cada palavra que sai da tua boca, tranformada em canção. Quero ser o vento sob as tuas asas. Quero ser teu grãozinho de sal. Quero ser cada pinguinho de chuva que toca o seu rosto e cada raio de sol que aquece tua pele.
Você é o meu melhor deslize. É meu sorriso mais feliz. É minha forma mais palpável do paraíso. É meu chão e meu céu.
Só você sabe bem quem sou. Só você me ama, exatamente, pelo que sou. É por isso que eu acredito em você a ponto de te confiar o meu maior tesouro: meu coração. Só você me faz perder a razão, e por isso aonde você for, eu vou.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Love, love, love, love.

Quero que você simplesmente pare de me questionar a todo momento sobre o que sinto, sobre mim, sobre nós. Pra que tudo isso se você já sabe qual é a resposta? Desde o momento em que te vi, eu passei a ter certeza do que quero e pra onde pretendo ir.
Eu me proponho ser tua, uma vítima quase perfeita. Eu me proponho ser tua, um vulcão hoje e todos os demais dias que você quiser.
O amor talvez é um mal comum. E assim como você, eu também já sofri muito. Sofrimento traz maturidade. Isso tem nos feito bem. Ninguém nunca morreu por sofrer de amor, e basta olharmos um para o outro para termos certeza disso. Veja, eu estou viva ainda...
E quando passo horas e horas te olhando dormir, não paro de me perguntar se ter você é questão de sorte. Acordar com você, beijar cada centímetro do teu corpo. Ser tua. Hoje, eu acredito que começo a entender o que nosso relacionamento, o que toda essa intensidade representa para mim, para você. Nós nos desejávamos desde antes de nascer, eu te sinto só meu, desde antes de nascer.
O pressentimento de que as coisas começam, finalmente, a se ajeitar, já é forte o bastante para que acreditemos que estamos fadados a ficar juntos. A nossa vida a dois já não é mais mistério nem segredo, para ninguém. E quando te falo sobre isso, você sorri e sempre me diz que deveria ter confiado mais na força da minha intuição. Assim, envolvida, segura do que quero, eu consigo estar disposta a tudo pelo nosso amor. E, agora, eu sei que consigo te fazer feliz e me fazer feliz.
Quando te ligo no meio do expediente, só pra te falar algo que te provoque, é por que faço questão de que você pense o dia todo em mim. E quando eu falo e planejo o nosso futuro sem medo é por que eu não tenho mais receios de algo pode dar errado entre nós.
Eu te proponho um deslize, que de repente poderá ser um erro convertido em acerto. Nós fazemos tudo dar certo, sempre, e você sabe disso. ;]

A gente faz acontecer.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Intoxicada.

Me acabam os argumentos, e minhas metodologias e a minha pele fica corada cada vez que aparece na minha frente sua anatomia. Porque este amor já não entende de conselhos e razões, se alimenta de pretextos quando lhe faltam motivos para estar ao teu lado.Este amor não me permite ficar em pé, porque meu corpo derrete só de sentir suas vibrações próximas de mim. E anda que eu me levante, voltarei a cair, pois se você se aproxima a tentativa de manter-me forte é inútil.
Me sinto bruta, desajeitada, irritada, teimosa. E isso é tudo o que eu tenho sido deste que me converti à esse amor. Já nem sei mais que outras coisas se fazem na vida, além dessa "coisa" que é amar e querer você. Penso em você dia e noite e - acredite - eu até tento, mas não sei como te esquecer. Minhas vontades já estão acima do meu querer.
Quantas vezes tentei enterrar você em minha memória. Confesso que eu até conseguia, até você aparecer por perto. Eu luto comigo, prometo desistir de ti, mas mesmo que eu diga que não, toda vez é a mesma história. Porque este amor sempre sabe me fazer respirar fundo. Me ensina a pensar antes de falar e até a respeitar tuas vontades.
Se eu pudesse exorcisar-me da sua voz. Se eu pudesse escapar do seu nome. Se eu pudesse arrancar meu coração e me esconder pra não te sentir novamente. Por mais que eu me ame como sou, ao teu lado eu me sinto fraca, feia, desordenada, desajeitada, tonta, lenta, idiota, desengonçada. Completamente descontrolada. São os sintomas que o teu amor provoca em mim. Essa intoxicação saudável. E por mais que você perceba como coro as bochechas quando estou ao teu lado e como pareço ficar tímida só com a sua presença, você nunca me diz nada.
Já viste que minha cabeça virou um ninho, onde apenas você tem abrigo? Por favor, esforce-se para não prestar atenção nas palavras desordenadas que desato a falar, graças ao nervosismo que você provoca em mim. E antes de você se aproximar e tomar-me toda em um gole só, pense bem no que pretende fazer comigo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

...

Eu encontrei uma razão para depilar minhas pernas toda santa manhã. Minha pele lisinha sempre te agrada, quando me aninho entre tuas pernas à noite. Então, eu posso contar com alguém todas as Sextas à noite pra me levar pra dançar, ou pra simplesmente curtir o conforto do nosso edredom comendo besteiras e assistindo tv. Conquistei a companhia de alguém para sair de madrugada na rua, só para me fazer companhia enquanto levo o cachorro para urinar. Alguém que se preocupa em plantar mais sonhos. Os meus sonhos. Os teus sonhos. Os sonhos que já viraram nossos. Alguém que um dia pensará em filhos ou talvez só em guardar um pouco de dinheiro.
Não foi fácil perceber que você é o único que eu preciso como meu companheiro, parceiro, amor, amante. Porém, sempre foi fácil perceber que tudo de bom que você me fazia não era intencional, afinal você nem percebia o bem que sempre me fez. O caminho pra voltar para casa é sempre longo e entediante, mas se você estava perto de mim eu agüentava. E quando você me abraçava e sorria, o mundo reluzia pra mim, pois não há nada como seu sorriso. E, em um mundo cheio de estranhos, você consegue ser o único que eu realmente conheço.
Então eu aprendi a cozinhar e finalmente perdi minha fobia da cozinha. Aprendi a rezar antes das refeições e aprendi por mim mesma a agradecer por ter você na minha vida. Passei a achar divertido montar a árvore de natal na sua sala de estar, e achei você indescritivelmente lindo fantasiado de rena do Papai Noel.
E foi nos teus braços que eu sempre procurava - e encontrava - o perfeito abrigo para me confortar dos fantasma e das idéias que insistiam em me trazer insônia. Do teu lado eu me sentia segura para planejar milhões de viagens e comprar coisas para decorar a sua casa. Até escrever mais canções felizes, era fácil com seus beijos e carinhos me inspirando a todo momento. Não quero tentar encontrar em outros braços, outros beijos, "O cara" que você sempre foi pra mim.
Nada como seu sorriso. Nada como seu olhar. Nada como seu amor. Nada.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fique aqui.

E por mim, hoje poderiam arruinar-se todos os canais de notícias. Notícias banais ou problemas mundiais não conseguiriam me abalar de forma alguma. Que arruinem-se também a televisão e o rádio, para eu não ter que lembrar de você toda vez que assistir ou ouvir algo.
Que se tornem antiquados todos os sorrisos que você me dava. Que não exista mais pôr-do-sol para me causar aquela nostalgia insuportável.
Que sejam suprimidas todas as tarefas e programas de casal. Que acabem com os filmes de comédia romântica e seriados, os quais perdíamos tardes inteiras assistindo, somente como um pretexto pra ficarmos mais tempo perto um do outro fazendo "nada". Que eu esqueça dos prazeres que faziam minha pele tremer somente com um beijo seu. E que hoje seja escrita a última música do caderno com as minhas composições mais secretas.
Mas tudo o que eu, realmente, quero é que você fique. Que fique seu abraço e o beijo que você inventa diariamente. Somente fique aqui mesmo depois de todas nossas mágoas. Olha-me nos olhos e entenda o que eu quero para mim. Hoje eu sinto que o "para sempre" é muito pouco para nós dois. E nem a sua melancolia me incomoda nesse momento. Porque eu percebi que - mesmo não querendo - eu dependo de ti. Se você fica, fica também a minha vida e junto dela todos os momentos mágicos que você me fez viver do teu lado.
Que desapareçam todos os vizinhos e a inveja que tanto quis nos matar. E que comam os restos da minha inocência, digerindo calmamente um "eu" que eu já não sou mais. Que sumam um a um os "amigos" e que ocultem o que me resta de consciência - aquela consciência que me faz temer te amar.
Que sejam consumidas todas as palavras que por vezes estiveram entre os meus lábios e que por medo eu não quis te falar. Que contaminem toda maldade do planeta ou que renunciem todos os políticos que tanto se julgam sábios. E que morra hoje o último poeta ou a última canção. Só preciso que, hoje, você fique aqui.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Com você.

Não é porque eu sujei a roupa justamente agora que eu já estava saindo pela porta de casa. Às vezes tenho impressão que blusa branca e sujeira são como pólos opostos: se atraem. Também não é por que eu peguei o maior trânsito e acabei perdendo o horário da sessão de cinema. Não é por que não acho o papel onde anotei o telefone que estou precisando. Nessas horas ecoa-me perfeitamente a sua voz me dizendo "você tem que ser mais organizada, ouça mais a sua mãe". Não é porque sempre que cortava o dedo abrindo a lata de comida do chachorro - e que inclusive está sangrando agora - você o pegava com carinho e cuidava como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Não é por que fui mal no ensaio da orquestra e periga eu desistir de tudo. Nem mesmo porque o meu carro teima em parar na rua de madrugada só por falta de gasolina. Afinal, é sempre você quem controla o combustível do carro.
Não é por que tá muito frio, não é por que tá muito calor. O problema é que eu te amo. Não tenho dúvidas que com você daria certo. Juntos faríamos tantos planos. Com você o meu mundo ficaria completo. Eu vejo nossos filhos brincando, e depois cresceriam, e nos dariam os netos. As datas, fatos e aniversários passam sem deixar o menor vestígio. Injúrias e promessas e mentiras e ofensas caem fora. Pelo outro ouvido, me avisam que roubaram a carteira com meus documentos e junto deles todos os meus aborrecimentos. Quer saber? Eu já nem ligo.
Não é por que eu quis e eu não fiz. Não é por que não fui e eu não vou. O problema é que eu te amo. Não tenho dúvidas que eu queria estar mais perto. Juntos viveríamos por mil anos, por que o nosso mundo estaria completo.Eu vejo nossos netos brincando com nossos filhos, e depois logo nos viriam bisnetos. Não é por que eu sei que ele não virá que eu não vejo a porta já se abrindo. E que eu não queira tê-lo, mesmo que não tenha a mínima lógica esse raciocínio. Não é que eu esteja procurando no infinito a sorte para andar comigo. Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível. Não é por isso que eu não possa estar feliz, sorrindo e cantando. Não é por isso que ele não possa estar feliz, sorrindo e cantando. Não vou dizer que eu não ligo, eu digo o que eu sinto e o que eu sou. O problema é que eu te amo, não tenha dúvidas, pois isso não é mais secreto. Juntos morreríamos, pois nos amávamos. E sem nós o mundo ficaria deserto. Eu vejo nossos filhos lembrando com os seus filhos que já teriam seus netos.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Noite.

A noite aguça e acentua as sensações. A luz da lua invade o quarto escuro e o vento sopra levemente, balançando a cortina de cetim. Abro os olhos. O calor da noite de verão inibe o meu sono. Olho para você, com a boca semi-aberta, dormindo tranqüilamente. A escuridão agita e desperta a minha imaginação. Sileciosamente os sentidos abandonam as minhas defesas. Minha mão alcança suas costas. Corro delicadamente as pontas dos meus dedos pela sua espinha, até você abrir os olhos. Aquele seu sorriso logo ao acordar, renova-me por dentro. Sou, cada dia que passa, mais incapaz de resistir aos teus encantos.
Suave e gentilmente, a noite estende seu esplendor sobre nós. Seus braços me puxam para perto de você e sua perna retira o lençol que cobria-me o corpo. Enquanto suas mãos vagam pelo meu corpo, você sente minha pele trêmula e suave. Seus lábios tocam os meus, enquanto sua mão agarra-se a minha nuca. Enquanto te aperto contra mim, você murmura no meu ouvido as palavras que eu precisava escutar. Derreto-me só de sentir a vibração da sua voz. É estranho pensar que em algum momento, mesmo existindo tanto sentimento, nós pudemos viver separados. É estranho saber que, mesmo após todos nossos erros, nosso amor conseguiu permanecer intacto. Sua mão leve como algodão, acaricia meu rosto. Você puxa meu queixo em sua direção, até colar nossos lábios. Sua língua passeia pela minha boca, sinto-me cada vez mais entregue aos carinhos que só você sabe me proporcionar. Você me permite ter a ousadia de confiar e me entregar de olhos fechados à você. Fecho os olhos e tudo o que espero é o som da sua voz dizerem as verdades que juntos a gente conquistou.
Suave e primorosamente, suas palavras acariciam-me por dentro. Ouço-o. Sinto-o. Possuo você secretamente. Abro minha mente, libertando minhas fantasias nesta escuridão que sei que não posso combater. Queria que o mundo parasse para não precisarmos acordar no outro dia. Aninho-me no teu corpo e só o que quero é que você feche os olhos. Inicie ao meu lado uma viagem para um novo e estranho mundo. Esqueça tudo sobre a vida que conhecia até agora. Deixe nosso amor libertar você. Esqueça tudo o que já fizemos que nos provocaram sofrimento. E então, você poderá pertencer a mim sem medo. Flutuo, caio nessa doce intoxicação que você provoca em mim. Toque-me, confie em mim, saboreie cada sensação. Deixe nosso sonho recomeçar. Deixemos que nosso lado sombrio seja vencido pelo poder do sentimento que a gente construiu. Eu preciso de você para continuar.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sem pudor.

A chuva cai incessantemente e os trovões criam a trilha sonora perfeita para essa noite. Você corre os olhos por todo meu corpo, como se me devorasse à distância. Eu posso sentir sua mão deslizando pelas minhas coxas, abraçando minha cintura e me puxando contra você. Tudo o que faço é fechar os olhos para sentir com maior intensidade cada movimento do seu corpo com o meu. Sinto a parede fria contra o meu rosto e isso faz eu me sentir tão bem. O contraste do gelado da parede e do quente do meu corpo me proporcionam arrepios. Eu posso sentir os lábios deslizando pelas minhas costas, enquanto entrego-me totalmente a esse prazer. A dança dos nossos corpos se torna involuntária e nossos cérebros já não comandam nada.
Velas acesas pela casa, janelas abertas, cortinas fechadas. A brisa que a chuva traz, refresca o quarto que queima com nossos corpos incandescentes. O reflexo dos nossos corpos atráves das cortinas instiga muita gente. A curiosidade alheia só causa um efeito sobre nós: o prazer que só aumenta, o gosto do proibido, do ato despudorado. Não quero parar só porque as pessoas estão nos olhando. Não quero saber na merda que eles pensam. Eu te desejo agora e isso me faz tão bem por dentro, por favor, não pare.
Em qualquer hora, em qualquer lugar, não importa quem esteja em volta, eu não controlarei meus desejos por você. Nossos corpos dançando no chão. Sinta meus leves movimentos. Arda. Minha mente já está queimando por pensamentos proibidos. Há estranhos nos observando. Sinta-me. Apago todas as velas. Minha respiração ofegante mistura-se aos teus gemidos. Estamos tão próximos que já não sinto teu suor, sinto teus poros na minha pele. Os movimentos intensificam-se. Tremo. Sua língua percorre cada centímetro do meu corpo nu. Sinto tua saliva penetrar na minha pele. Sinto teus dentes mordiscando cada pedacinho que você chama de seu. Minhas unhas cravam nas tuas costas na intenção de te trazer pra dentro de mim. Deliro. O rastro esbranquiçado que minhas unhas deixam em você, logo tornam-se vermelhos, como as marcas dos dentes que você espalhou por mim. Misto de dor e prazer. O quarto é invadido por um cheiro singular. O cheiro do nosso orgasmo, nosso gozo, nosso sexo mais bem feito. Sorrio. São necessários mil sorrisos para eu me recompor.
Você rola pro lado, acariciando minhas costas. Eu te sorrio um sorriso cheio de intenções. Seu olhar é de interrogação. Eu só estava pensando que... bem, você sabe.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Parte de mim.

O balanço da rede proporcionava-me uma angústia muito grande. Eu fumava um cigarro - um após o outro - e sentia prazer em tragá-lo profundamente. Entre uma tragada no cigarro e um gole de café, vinha-me na cabeça o que já vivemos. Nós dois fomos tanto, que sempre tinha gente à nossa volta para ver de perto o que alguém um dia chamou de amor. Aquele amor que inflava, crescia e fortalecia-se, como se tivesse sido adicionado fermento à nossa receita de "como viver bem". Hoje, aquele amor desmanchou, murchou, puiu como a roupa velha guardada no roupeiro e comida pelas traças. E, no fundo, a gente sabe bem, que faltou cultivo e cuidado. Fomos relapsos, deixando nosso sentimento no fundo da gaveta, cheirando a mofo, tomado por pó. Pensávamos que somente estando um ao lado do outro seria o suficiente. Engano nosso, não é? A casa está vazia agora. As luzes que teimávamos em deixar acesas, iluminando a casa toda, hoje até queimadas estão. A casa ilumina-se somente com as luzes da rua, que tornam o ambiente assustador, enchendo de sombras o que um dia chamamos de "lar doce lar". A casa está sem você. A noite e o dia, também.
Nem as brigas, que um dia pensei que seriam eternas, permaneceram no nosso cotidiano. Quando eu te enchi de razão, somente para não brigarmos mais, você me chamou de fraca. Perguntou-me até onde deixei - ou perdi - minha personalidade. Agora sei, que na realidade, o meu jeito tempestuoso, era o que fazia você se prender a mim. Nunca reparei que meu gênio forte te deixava com um sorriso orgulhoso no rosto. Ao final, percebi que eu perdi a essência de mim mesma. Perdi também a essência que existia em você. Perdemos nossos adubos. Perdemos nosso querer. Perdemo-nos.
Pegue o que tiver que pegar dentro da nossa casa. Pegue tudo mais o que quiser e parte de mim. Metade de mim quer te ver feliz, a outra te expulsa e morre. E só resta-me recordar as tantas brigas que me fizeram rir, enquanto seus olhos jorravam raiva com minha - quem sabe - imaturidade. Não era certo nem errado. Era o que devia ser. E nos dias e nas datas que nos acostumamos a comemorar, a gente não jurava mais nada, só bebia pra esquecer.
O que era lindo se foi. Não faz mais parte de mim. Nem de ti. Nem de nós. Agora, tudo o que já foi um dia, é normal e chato. Tédio. Então fica assim. Saia pela porta da frente, que eu saio pela porta dos fundos. O último apaga a luz. Na porta que não range mais, sentada na rede, ouvi o barulho mesmo assim. Não é você, não é ninguém. É o costume de sempre te esperar vir.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Amor e Razão ou Ele e Ela.

Não marcava nem meia-noite no relógio ainda e o cansaço e irritação já eram aparentes no rosto dela. Seu namorado passou a noite inteira com uma cara emburrada, agiu de forma estúpida e ela não sabia nem ao menos um motivo para aquelas atitudes. A conversa das pessoas já afetava sua paciência, a música no local não agradava e os pés estavam cansados do salto alto. Ele permanecia sentado na mesa ao lado, bebendo cerveja com os amigos e conversando - sempre mantendo o mau-humor, claro. Nas raras vezes que ele desviou o olhar para ela, não esforçou-se nem para esboçar um sorriso.
Ela levantou-se da cadeira e dirigiu-se até ele:"- Vamos embora, amor. Estou cansada.". A voz dela era calma, porém o tom imperativo fez-se entender perfeitamente. Ele olhou para ela, franzindo as sobrancelhas "- Já?", mas logo notou a insatisfação no olhar dela. As expressões do rosto dela naquele momento fizeram qualquer explicação ou resposta tornar-se desnecessária. Ele somente levantou-se da cadeira, despediu-se com um aceno dos amigos, bebeu o restante da cerveja que tinha no copo e caminhou em direção à porta.
Ela mal sentou no banco do carro e afivelou o cinto de segurança, e ele já desatou a falar. A voz dele saia trêmula. As mãos posicionadas no volante. Os olhos olhando para o painel. Ele tremia visivelmente e não desviava os olhos para ela. "-Sei que esse não é o melhor momento para falarmos disso e que também não é o melhor lugar, mas sinto que...", ele fez uma longa pausa, o que resultou no nervosismo dela "-Fala logo! Onde você está tentando chegar?". "-Eu acho que não te amo mais. Não é nada com você, é coisa minha. Sou eu.", ele completou de forma tão rápida, que ela só entendeu o "eu não te amo mais". A informação entrou de forma rápida e direta no cérebro dela, e o corpo dela ainda não tinha conseguido associar. Tão logo ela entendeu o que ele disse e as lágrimas brotaram em seus olhos, rolando pela face e borrando a maquiagem. Ela preferiu não fazer nenhum comentário, nem falar nada. Palavras se faziam desnecessárias. Ele sabia que deveria deixá-la em casa e não procurá-la mais.
Ele estacionou o carro em frente à casa dela. Ela desceu do carro e bateu a porta, com delicadeza - delicadeza a qual nunca lhe faltava. Ele ficou olhando ela subir as escadarias do edifício, mas em momento algum ela virou-se para olhá-lo. Aquela reação muda, calada, assustou-o. Ela não gritou, não questionou, não fez nenhuma pergunta habitual que uma mulher comum sempre faz: "Você está com outra?" ou "Você ama outra?". Jogou a cabeça para trás, encostando-a no banco do carro. Permaneceu ali, em frente ao edifício. O motor do carro ligado, o rádio ligado, o coração apertado. Lágrimas caíram. Aquela classe, aquele requinte que ela exalava por onde passava, permaneceram até quando ele a feriu.
Ela entrou no apartamento, largando a bolsa sobre o sofá e retirando os sapatos. Quando os pés tocaram, nus, o chão, ela esboçou um sorriso. A sensação de alívio apossou-se do seu corpo. Jogou-se no sofá. Ficou parada por alguns instantes sem mexer nenhum músculo. Aquilo a relaxava tanto. Sentiu o choro vindo. Ele vinha tímido, como se não quisesse se fazer real. Ela sentia-se covarde quando chorava. Ela não aceitava sofrer por amor. Não por que ela era fria, mas por que ela cria que o amor não trazia sofrimento e angústia. Se, naquele momento, ela sofria por ele, isso significava que já não era mais amor. Quem ama quer o outro feliz, independente com quem. Pelo menos foi isso que ela leu em diversos livros, e foi o que ela escutou em todas as idas ao terapeuta. Mas, pela primeira vez, ela sentia que amava alguém, e saber que havia o perdido, doía demais. As teorias não se faziam iguais na prática. Não desejava mal à ele, somente não desejava que ele parasse de amá-la.
Ele desligou o motor, fechou os vidros e desceu do carro. Caminhou até o porteiro eletrônico, no mínimo, umas quatro vezes, até conseguir apertar o número do apartamento dela. O barulho do interfone ressoou pelo apartamento, entrando no ouvido dela de forma ensurdecedora. Ela foi até o interfone e retirou o fone do gancho: "Sim?". O "sim" saiu embargado por lágrimas. O coração acelerou. No fundo, ela sabia quem batia à porta. As pernas dele tremeram. "-Sou eu, posso subir?". A pergunta era tímida. O dedo dela acionou o botão, confirmando que sim, ele podia subir.
O estômago dele estava embrulhado, e o trajeto dentro do elevador, parecia eterno. Quando as portas do elevador abriram-se, tudo o que ele viu foi ela, parada na porta do apartamento, descalça, maquiagem borrada e um leve sorriso no rosto. Abraçou-a com força. Tanta força que receou que estivesse a machucando. "-Pensei que você quem não me amasse mais, senti você tão distante de mim no casamento e ontem não quis me ver...", as palavras saiam embaralhadas e com pressa da boca dele, como se procurassem explicar o mais rápido possível. E era exatamente o que ele queria, deixar claro para ela que ele a amava. Nunca, nada entre os dois, doeu mais nele do que o silêncio dela, o sofrimento calado, a raiva contida. "-Eu não queria te ver mesmo, acho que temos direito de não querer certas coisas às vezes, mas isso não implica no fato de eu não amar mais você. Eu amo e como amo. Amo tanto que me sinto presa, mesmo estando livre.". A calma na voz dela, resplandecia uma maturidade tão grande que ele invejava. Ao mesmo tempo, ela olhava para aquele homem crescido - e bem crescido - e enchia-se de felicidade ao saber que ao lado dela, ele mais parecia um menino assustado, clamando por amor. Pelo amor dela. E seria sempre assim. Ele se assustaria com as atitudes dela. Ela sofreria calada diante dos surtos infantis dele. Ele abrigaria-se nos braços dela e ela manteria o equilíbrio, a serenidade, a maturidade da relação. E eles se amariam, por que no fundo, era o que sabiam fazer de melhor quando estavam na companhia um do outro.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Eu + Você = Nosso Paradeiro.

Entrar naquele apartamento era algo muito confortante para mim. Era como se aquele lugar me protegesse, me acolhesse. E por mais que pareça estranho, permanece tudo no seu devido lugar - ou no lugar que eu sempre te disse que deveria estar. Dialogar com você não é fácil. Eu fico cansada, angustiada. E essa onda pesada me consome sempre que sei que vamos nos ver. Tentar te explicar o óbvio, sinceramente, me irrita. Teu jeito mimado me irrita. Tuas manias me irritam. Teu humor inconstante me irrita. Mas sinto, cada dia que passa, que a falta que você me faz é enorme. Essa saudade quase já não cabe em mim.
Passo dias sem conversar com você, sem saber de você, e isso é o suficiente para eu me questionar do porquê que nós "fomos" e não "somos". E me dói saber que bastam 5 minutos ao seu lado para que essas dúvidas logo desapareçam. Por que ensinamos um pro outro, justamente, nossos opostos. Antes, eu planejava e você vivia. Isso me amedrontava. Pensava nos motivos que te levavam a não querer planejar o futuro comigo. Hoje, eu vivo e você planeja. Por que tem que ser assim? Por que não podemos encontrar um meio termo para conseguirmos conviver bem e, principalmente, juntos?
Pensar no futuro embaça a nossa felicidade. Nem sempre conseguimos fazer o que planejamos, e as cobranças sempre surgem a partir daí. Era tão melhor quando vivíamos de forma inconseqüente. Nós não nos preocupávamos no horário que deveríamos dormir para conseguir acordar e trabalhar no outro dia. Nós não nos privávamos de viajar sem rumo e sem destino. Nós não nos obrigávamos a ter um paradeiro. Nosso paradeiro se limitava em ser sempre eu e você, juntos. E cada vez que as lembranças vêm na minha cabeça, eu tenho mais certeza de que o tempo e a maturidade não nos fizeram bem. Não completamente, pelo menos.
Brigar, gritar, xingar e depois pedir desculpas somente se olhando com desejo e fazendo amor a noite toda era muito mais real, muito mais excitante. Essas DR's diárias nos desgastaram. E não conseguimos mais fugir delas. Limitamo-nos a viver a partir delas. E isso está sendo nocivo. Nosso amor está se transformando. Eu quero evitar isso, você quer evitar isso.
Parei em frente à estante da sala, olhando nossas fotos, com carinha de pirralhos ainda - não que você tenha mudado muito, mas eu mudei - e me veio um sentimento nostálgico. Eu quero viver aquilo de novo. Quero viver os momentos antigos e reais de novo, mas com minhas posturas e atitudes de hoje. Senti de repente o teu abraço apertado. Aquele abraço quentinho que eu tanto sinto falta todas as noites. Você abriu a boca para me dizer algo, mas eu impedi, tocando seus lábios com meu dedo indicador, bem de leve. Não quero palavras, não quero desculpas, não quero explicações. Quero você, quero nossos momentos de novo, sem pensar no que pode acontecer amanhã.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Além do querer.

Houveram certos momentos em que eu não entendia muito bem o porquê de você sempre conseguir me manter na linha. Eu não sabia por que você aparecia repentinamente na minha casa, muitas vezes só para me dar um abraço e um beijo. Às vezes pensava que era excesso de mimos da sua parte. Mas também tinham as vezes que você não aparecia e eu sentia sua falta. Mesmo assim, estou feliz por nós termos conseguido superar tudo isso, colocar os pingos nos "i's", como a gente sempre fala. No início eu não tinha noção do peso de todas aquelas coisas que a separação nos traz. Você nunca me avisou.Você nunca deixou isso explícito e claro para mim. Você me amava e acreditava, acima de tudo, no nosso "pra sempre". Pego-me querendo te falar milhões de coisas nesse momento e obviamente haveria muito mais coisas a falar se você estivesse aqui comigo, cara a cara.
Eu nunca pensei que eu poderia sofrer assim. Quando te disse adeus eu não cria que me sentiria assim. Todo dia que passa eu desejo, com mais e mais intensidade, que eu possa conversar com você um pouco. Sinto vontade de te abraçar um pouco. Quero te ter um pouco. Eu sinto saudade mas tento não chorar. É recente e vai passar. Acredite em mim quando digo que você está melhor sem mim. Junto toda a força que tenho em mim para dar a você. Não chore, por favor. Eu te desejo todo o bem do mundo, mas não posso dá-lo para você no momento, querido.
E é sincero quando te digo que eu daria o mundo para ver seu rosto e estar perto de você. Mas eu não posso, seria egoísmo. Às vezes me parece que deixei você ir muito cedo, e isso torna ainda mais difícil manter a minha decisão de te dizer adeus.
Esforço-me para que você não perceba como eu estou. Você nem vê as lágrimas que choro sobre meu travesseiro todas as noites. Eu queria que você estivesse aqui para comemorarmos cada vitória que conquistamos. Eu queria que nós pudéssemos passar os feriados juntos. Eu lembro - e sinto falta - de quando você me colocava na cama a noite e insistia em me cobrir com o edredom. Eu era sua mulher. Eu era sua. E mesmo não falando, você era meu. Eu achava que você era tão forte, pois enfrentava todos nossos problemas com tanta serenidade. Nunca pensei ver seu rosto com ar de desespero. E foi assim que você se mostrou, enquanto eu tentava te explicar os motivos que eu tinha para pôr um fim em tudo. Mesmo sabendo que a decisão foi minha, continua sendo tão difícil ter de aceitar o fato que você foi embora, pra sempre, por minha causa. Os sonhos que sonhamos juntos continuam tão intactos para mim. É inevitável pensar que nós pertencemos um ao outro e que isso está acima das minhas e das suas vontades. O sentimento permanece vivo, por mais que eu tente ir contra isso.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Tudo e nada, ao mesmo tempo.

Certas coisas não deveriam nunca ser explicadas, simplesmente pelo fato de que explicações tornam tudo muito concreto, e sentimentos não devem ser vistos dessa forma. Bem,pelo menos eu penso assim. O amor é um misto de sensações tão extremas que seria muita prepotência de uma pessoa tentar definí-lo. Não o defino. Eu o sinto... quando sinto. Não sinto amor sempre, nem por todos, nem rapidamente. Também não sei quando começo a senti-lo. Um dia simplesmente percebo que ele está presente na minha vida. Essa presença intrometida me perturba e me acalma. Ele me desorienta e me mostra o caminho. Mas eu não sei como definí-lo em palavras.
Ele aparece quando eu não o quero. Ele surge quando eu o esnobo. E é justamente quando penso estar segura que ele me acha em meu esconderijo. Ele me arrebata. Não consigo nem ao menos encontrar palavras para argumentar os porquê's que eu não o quero no momento. Entretanto, a minha resistência vai cedendo. Mais perto e mais perto, ele se aproxima de mim de um jeito que me fez temê-lo.
O amor destrói e o amor divide. O amor faz sorrir e o amor pode me fazer chorar. O amor pode dar da mesma forma que pode tirar tudo. Eu acho isso difícil de explicar, mas esses extremos - o saber desses extremos - me acalmam. O estado de frenesi que ele me proporciona é tão bom quanto o gozo que meus amores me deram.
O oceano fica pequeno perto da intensidade que sinto esse sentimento. O mundo fica pequeno. O infinito fica pequeno. E as lágrimas que ele já me proporcionou seriam suficientes para criar um oceano em cada planeta do universo. E os sorrisos seriam suficientes para dar de presente para criança que sofre em todo o mundo. O meu amor pode me dar tudo em um piscar de olhos. Pode me tirar tudo também em um estalar de dedos. Minto, tudo não. O meu amor-próprio é só meu, e esse nunca morre.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Seu mundo no meu e vice-versa.

Batidas de um coração apressado, bochechas corando e eu aqui, esforçando-me para resistir aos teus encantos. Sonhando acordada, sentada, fumando um cigarro no café da esquina. E você me olha aquele olhar tentador. E você me sorri aquele sorriso doce. E eu? Despedaço-me, juntando forças para me recuperar desse abalo císmico que você provoca em mim quando se aproxima. Trêmula, digo um punhado de palavras sem sentido, na tentativa de não transparecer o nervosismo que você faz brotar em mim. Inútil. Você sempre nota, sempre sorri e sempre me beija da mesma forma.
Por que você tem que ser tão fofo? É impossível ignorar você. E quando penso que conseguirei, finalmente resistir, eu pego-me envolvida nos teus braços. Chega a ser engraçada a forma com que você me faz rir. Pois meus lábios não colam-se quando estou ao seu lado. Ou estou sorrindo, ou estou te beijando. E nós somos dois mundos completamente diferentes. Queremos coisas completamente diferentes. Vivemos vidas completamente diferentes. É uma pena que mesmo com tantos contras, a gente ainda consiga se dar tão bem. Seria tão mais fácil se não existisse essa conexão entre nossos mundos. Mas é sempre tudo igual. Beijos e mordidas. Abraços e amassos. Cheiros e olhares. Línguas e dentes. Boa noite e até a próxima.
Você é tão desligado, e isso me atrai tanto. Nunca sequer percebe que sempre sigo você até em casa, mesmo que eu não queira ir para casa ainda. Só faço isso para te ver por mais tempo. Você caminha com os fones no ouvido, e você dança, e você canta. Você é tão você, que isso me torna tão sua, mesmo não querendo - e não devendo - ser. Por que você torna todos os momentos ao seu lado tão maximizados? É justo eu gastar horas do meu dia, pensando em um simples passeio de mãos dadas até a loja de conveniência?
Olho você pelas cortinas abertas da minha sala, e tudo o que vejo é você na mesma rotina diária, zapeando pela tv, relaxado no sofá e apoiado com os pés sobre a mesa de centro. Penso eu que você pensa que está só, quando tudo o que eu queria era estar a sós com você. Se nossas vidas são tão chatas sem a companhia um do outro, por que insistimos em vivermos tão separados, cada um do seu lado da rua?
Dia desses estarei entediada em casa e você tocará na minha campainha, e virá ficar comigo. Nós beberemos e conversaremos sobre tudo. Daremos boa noite e até mais, milhões de vezes um pro outro e logo após arranjaremos qualquer desculpa pra ficarmos acordados, só para ficarmos mais tempo próximos. E nossas rotinas seriam você dormindo aqui e eu dormindo lá, do outro lado da rua.
Vejo você aprontando-se para dormir. Tenho que confessar que você fica tão atraente nesse pijama de listras, mesmo que pareça tão cafona. E quem sabe então o aquecedor do seu quarto possa estragar. E a noite está tão fria - para minha vantagem. Quem sabe você olhará para a minha janela e me verá sorrindo para você. Você vestirá seu casaco e calçará seus chinelos e saíra pela porta. E eu verei você atravessando a rua, coberta pela neve branca, e ouvirei a campainha do meu apartamento tocar. E, finalmente, nós ficaremos bem. Nós ficaremos bem juntinhos. Quem sabe, dali em diante, não sejam somente boa noite e até logo. Quem sabe sejam bom dia, boa tarde, bom almoço e bons sonhos?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Irracional?

O que você faz quando sabe que alguma coisa é ruim pra você e ainda assim não consegue deixar de lado? Eu era inocente, não inocente de ser boba, mas inocente no quesito de que as pessoas poderiam machucar-me intencionalmente. Seu amor era como um doce, artificialmente suave, e eu sei que fui iludida com a embalagem.
Estive presa em sua teia, e ela é um emaranhado de coisas viciantes, que não consegui me soltar. Você me ensinou tanta coisa. Aprendi a sangrar, a chorar, a desacreditar, a mentir, a decepcionar-me comigo mesma. Eu me achava tão esperta e inteligente. Fui presa em sua cama, por livre e espontânea vontade, e devorada completamente. Incrível como o sexo consegue aflorar a irracionalidade e o lado animal de um ser humano. Eu realmente achava que com você, só com você, seria assim, tão perfeito.
Isso machuca minha alma, pois eu não consigo esquecer o seu sorriso, mesmo que ele me pareça falso. Todas essas paredes que construí a minha volta, na tentativa de me livrar de você, estão sendo cavadas e derrubadas. Creio que não preciso mais delas.
Mesmo assim, não consigo conter meu sofrimento. E eu odeio deixar transparecer que eu perdi o controle. O meu auto-controle. E os erros permanecem os mesmos, pois eu continuo voltando exatamente para as coisas das quais preciso me afastar.
Eu já deveria saber que fui usada para diversão. E mesmo sendo alimentada por medos e inseguranças, não pude ver através da fumaça do seu cigarro, que tudo não passava de uma ilusão. Agora eu estou lambendo minhas feridas, como um animal lambe seus machucados na tentativa de cicatrizá-los. Porém, o veneno penetra profundamente... Esse poder de sedução que você usou comigo, eu também possuo, mas mesmo assim, é você quem me mantém prisioneira.
Eu estou a ponto de quebrar. Eu estou viciada em seu encanto, e não conheço nenhum contra-feitiço que possa quebrá-lo. E estou procurando por um remédio, que cause-me uma superdosagem de sentimentos inversos por você. Cada passo que eu dou me conduz a mais um erro dos muitos que esse amor repulsivo já me fez cometer.
Por mais que pareça impossível, eu sei que só eu posso reparar esta situação em que estou. Falo comigo mesma, parada em frente ao espelho, e não obtenho resposta alguma. Será que ainda vive alguém dentro de mim? O que eu fiz pra merecer a dor dessa lenta queimadura, que se espalha pelo meu corpo, mais e mais.
Toda vez que eu tento aspirar o ar, eu sou sufocada por um desespero que eu mesma causei. Por que isso nunca acaba? Parece que eu nunca acordarei desse pesadelo. Fecho os olhos e envio uma prece silenciosa. Isso tem que acabar... Por dentro eu estou gritando, suplicando, implorando para que isso acabe.
Agora o que fazer? Meu coração foi ferido. E ele parece-me tão triste, mas a verdade é que cada batida me lembra de você. Estúpida. É o único adjetivo que consigo agregar a mim nesse momento. E isso me tira o sono. Isso me tira a paz.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Déjà vu.

Lá vai você outra vez, saindo pela porta, batendo-a com força, sem nem ao menos olhar para trás. Tenho a impressão de que nossa vida a dois é um constante déjà vu, pois as cenas repetem-se diariamente e nossas lágrimas, beijos e abraços também. Você diz que quer sua liberdade, mas que não sabe viver sem mim. Você diz que quer um lar, mas não quer responsabilidades. Bem, quem sou eu para te segurar?
Você diz que vê em mim uma eterna interrogação, e eu tenho que concordar com você. Nem sempre tenho certeza do que quero, do que faço e do que planejo. A minha única certeza - nesse momento - é que você deve fazer o que sente. E quando você descer as escadas, e ouvir o barulho que seu calçado faz sobre o chão, atente-se e escute cuidadosamente o som de sua solidão. E a saudade vai te sufocando, e a vontade de voltar cresce a todo instante. As batidas do seu coração o deixam maluco. Minhas lágrimas já morreram nos meus lábios, e tudo o que tenho é um rosto borrado pela maquiagem e a falta que você me faz.
Você fica atormentado, desorientado com o silêncio das lembranças do que você tinha e do que perdeu. Eu não fico nada, nada mesmo. Estou atônita. Mais uma vez, meus medos puseram-se a frente das minhas vontades. Eu sei que problemas e conflitos sempre haverão, mas eu tenho medo. Eu sei que trovões só acontecem quando está chovendo. Que os políticos só amam você quando estão em época de eleição. Sei que amores vêm e vão, e por que você nunca foi então?
Quero um banho de chuva, um banho de mar, pra lavar a alma, limpar-me por dentro e clarear minhas idéias...
Lá vem eu de novo, com minhas visões cristalinas de um futuro que insisto em tentar prever. Eu guardo minhas visões para mim mesma, e você clama para que eu as compartilhe. E quando você acha que estou me afastando de você, tudo o que penso é que deixo tudo transparecer ao contrário dos meus anseios. Estou aqui, parada em frente a você. Sou apenas eu mesma, querendo me envolver nos seus sonhos. Você tem algum sonho que gostaria de me envolver? Qualquer sonho, exceto os sonhos de solidão.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Impossível.

E quanto mais eu tento chegar à um consenso, mais perto eu chego da conclusão de que é impossível, completamente impossível, amar você. Essa sua mania repulsiva de esconder tudo o que sente, definitivamente, não casa com o meu jeito de gritar aos quatro ventos o que nutro por você. Esses impasses tornam cada vez maior a improbabilidade de eu conseguir lhe dar tudo aquilo que você necessita de mim.
Porque você sempre se esconde de mim? Esconde-me seus sorrisos, sua alegria, sua paz, seus carinhos. Por que você não age ao contrário? Esconda de mim seus ciúmes, sua raiva incontida, seu jeito intempestuoso. Não sei o que o magoou, você sempre esconde o que te incomoda, mas mesmo assim, quero resolver isto. Deixa eu sugar de você toda sua dor, sua insegurança.
Eu estou tão cansada de tentar ler seus pensamentos. Estou tão cansada de cubrí-lo de carinhos e não receber um sorriso de volta. Desculpe-me, mas é impossível amá-lo deste jeito. E se é, realmente, assim que vai ser, vamos seguir em frente, separados, pois eu não quero mais sofrer a sua dor. Desdobro-me diariamente para facilitar as coisas, para te fazer, realmente, feliz. Eu faço por prazer, por que julgo necessária nossa vida lado a lado. Então, porque você sempre tenta dificultar tanto? Diga-me como posso lhe dar todo o meu amor, se você está sempre, sempre na defensiva?
Não estamos em um circo, logo, não pense que eu sou palhaça para agüentar tuas risadas de desespero perante aos problemas que você insiste em esconder de mim, de você, de nós. Por quanto tempo tu pensas que poderei agüentar os teus altos e baixos? Então, se é realmente assim que vai ser, tenho a leve impressão de que já estou indo tarde demais.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Deixe-me ser sua água.

Sinto-me como se eu estivesse sobre o oceano e muito distante, distante mesmo, de tudo de bom - e ruim - que me rodeia. Talvez eu sinta isso por estar vivendo num mundo diferente de todos que me rodeiam. Nesse casulo que criei à minha volta, nada me atinge, nem os problemas, nem as tristezas, nem a felicidade. Viver em estado vegetativo, entende? Privando-se das lágrimas, mas também dos sorrisos. Estou somente esperando como um iceberg, flutuando sobre as águas geladas de um oceano qualquer. Esperando mudar. Esperando que alguém me resgate, possua-me e me faça perder esse medo de ser, realmente, feliz. E a cada dia que convivo sozinha nessa redoma, sinto-me mais e mais fria por dentro. Transformei-me em gelo, estou engessada num momento do qual não sei como fugir. E tudo o que gostaria nesse momento, era ser como a água, rastejando-me oceano à fora, areia à fora, mundo à fora, sem medos, sem receios, sem desculpas.
Olho-me no espelho, e tudo o que consigo enxergar são meus músculos apertados em minha face, dando-lhe ar de desespero. Enterro minha alma em um abraço desconhecido, e não consigo encontrar conforto. Tudo o que preciso nesse momento, é do fogo, para derreter o gelo que personifiquei dentro de mim. Mas o fogo diminui, e meu gelo não transforma-se em água. E meus medos não transformam-se em ousadia. E minhas lágrimas não dão lugar ao meu sorriso.
A maioria dos dias está cheio de desculpas esfarrapadas, e por mais que seja duro dizer, eu gostaria que fosse simples, tão simples quanto me afirmam que realmente é. Mas eu desisto facilmente. Desisto dos amores, das vontades, dos sonhos. Só não desisto da dor, dos medos e da angustia que me empedra cada vez mais. Você está próximo o bastante para ver isso e mesmo assim sinto que você está do outro lado do mundo para mim. E quando teu sorriso mostra-se para mim, eu sinto luz, sinto paz. Porém, o pânico toma conta do meu corpo, segurando-me com dedos, braços, mãos, impedindo-me de sair desse casulo, desse gelo que me transformei. Sentimentos parecidos com fogo insistem em se apossar de mim, mas o medo ainda me domina.
E se chegou a hora de seguir em frente, e nossos caminhos se separarem daquela colina logo ali a diante, você pode me ajudar a trilhar uma vida com você? Você pode me deixar ir ao seu lado? Você pode quebrar o gelo e transformar-me em água, para deslizar pelo seu corpo quando eu bem entender? E você poderá ainda me amar mesmo quando você não puder me ver mais?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Só sorrisos por você.

Preferia o mistério que existia entre nós, que nos fazia sentir coisas inexplicáveis, do que a dor em conhecer-te de verdade e não poder tê-lo. Penso que, por vezes, deveríamos agir de forma mais racional, mantendo o mistério que faz pulsar mais forte dois corações desconhecidos, ao invés de agir emocionalmente, sem medir qualquer conseqüência, e desvendar todos os porquê's que antes mantinham esse sentimento tão gostoso de ser sentido. Não que eu me arrependa, não, não me arrependo, mas, o "não saber" era tão gostoso e o "saber" hoje me dói tanto. Por que você chegou dessa forma, invadiu-me com um turbilhão de sensações e partiu, deixando comigo somente a vontade de tê-lo amanhã, novamente?
Eu, realmente, não queria. Tenho medo, sim, de viver tão intensamente. Então, você simplesmente deu-se o direito de roubar meus medos, minhas vontades, minhas lágrimas, fazer-me rir o tempo todo e achou que ficaria tudo bem? Não gostei de ver-te partir, não gostei do nosso beijo de despedida, nem do seu sorriso segurando as lágrimas para não me fazer sofrer. Tive que bancar a forte, a fria, e eu não sou. Tudo o que queria naquele momento era aninhar-me no teu colo e chorar como criança. Não. Segurei as lágrimas, sorri para você o meu sorriso mais gostoso, pisquei e te vi partir.
Não te menti quando disse que não queria sofrer com a nossa distância, pois eu não quero mesmo. Não pretendo desdobrar-me novamente por algo tão incerto. Fato é que também não contava que o envolvimento seria tão intenso. E, hoje, quando decidimos não levarmos a diante a fim de não nos machucarmos, doeu-me tanto, saber que por mais que a decisão fosse a correta, não era o que o meu coração queria naquele momento.
Só o que penso é no seu beijo e seu carinho, nos passeios de mãos dadas, nas flores recém arrancadas que você me deu e no frio de -10 graus que só você teria capacidade de convencer-me a agüentar. Só o que vejo é sua foto 3x4 na minha carteira, nossas fotos juntos e o bilhete da passagem dentro da bolsa. Só o que desejo são os outros beijos que não dei - e não recebi - dos abraços quentes que me envolviam a todo momento e de fazer amor com você.
Porém tudo o que tenho é a lembrança de que a intensidade de sentimentos que marcou nosso encontro é a mesma intensidade que marca hoje a saudade que sinto por dentro.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Somente quando durmo.

Você é simplesmente um barco dos sonhos, navegando em minha mente, fazendo com que eu me perca entre os pensamentos que me levam, sempre, até você. Você nada em meus oceanos secretos, de corais azuis e vermelhos, desvendando meus desejos e alimentando meus anseios. Seu cheiro é igual ao incenso de ópio que queimo todas as noites no meu quarto, somente para sentir sua presença mais real do que ela é. Seu toque é sedoso, e é só fechar os olhos que sinto sua mão deslizando pela minha espinha, alcançando minha pele quente. Sinto seu toque movendo-se pelo meu corpo de dentro pra fora, agarrando-se em meus seios, fazendo com que eu arda de desejo. Mas é somente quando eu durmo, que você desperta-me essas sensações, afinal, não faço nem idéia de quem você é. Vejo você em meus sonhos, rondando-me em círculos, virando-me de cabeça pra baixo, mas eu não o vejo, eu apenas ouço você respirar. Em algum lugar do meu sono, você invade meus pensamentos e meu corpo, possuindo-me por inteira. Então, quando eu acordo do meu sonho, sua sombra desaparece, sua respiração torna-se somente a névoa do mar, envolvendo meus pensamentos, dando-me prazer. Trabalho durante o dia inteiro, contando os segundos para poder dormir e encontrar você novamente. E quando chega a hora de descansar, estou deitada em minha cama, esperando você invadir os meus sonhos, e só o que ouço é a minha respiração ofegante, desejando, incondicionalmente, um desconhecido.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Suposições.

Eu acredito que, realmente, nunca amei ninguém completamente. Esse medo de entregar-me por completo, pesa muito ao tomar a decisão de amar sem riscos nem receios. O amor é um risco, entregar-se é um risco. Sinto muito receio de deixar uma pessoa conhecer-me por completo, não que eu tenha medo, mas "são só meus os meus segredos" e sinto que certos aspectos da minha personalidade são praticamente segredos que guardo do mundo, e por vezes de mim mesma. Sempre fico com um pé no chão, protegendo verdadeiramente meu coração. Então, eu me perdi nesses sons. O som da sua voz pela manhã, o som dos nossos corpos enroscados, o som do nosso silêncio após nossas brigas. Eu ouço na minha mente todas esses sons. Eu ouço na minha mente todas essas palavras. Eu ouço na minha mente toda essa música que cantei pra você. E isso parte meu coração...
Então, suponho que eu nunca te conheci. Suponho que nunca me apaixonei por você. Suponho que nunca te deixei... e que nunca voltei para você. Suponho que nunca beijei lábios tão doces e tão suaves. Suponho que eu nunca te vi. Suponho que você nunca me ligou. Suponho que continuei cantando canções de amor, só pra interromper a invasão de sentimentos que sempre quiseram tomar conta de mim. Suponho que ao invés de amar você, eu permaneci cantando só pra interromper que eu me apaixonasse por alguém. Suponho que nunca te vi. Agora sim. Agora está tudo bem.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Maldição feminina.

Geralmente, quer dizer, quase nunca, acordo-me com uma disposição invejável, sorrindo, cantando e dizendo "Bom dia" para quem estiver a minha volta. Hoje, definitivamente, não foi um desses raros dias. O dia já começou a me irritar ao abrir os olhos. Por que o barulho do despertador do celular é tão esganiçado? Por que não pode ser de forma crescente, como se fosse me acordando aos pouquinhos? Não, já começa aquela música enjoativa logo de manhã... poxa, mal acordei. Eis que o tal do -maldito- celular despertou. Abri somente um olho, estiquei a mão e peguei o celular. Meu olho fica embaçado logo ao acordar, mas vi nitidamente o relógio do celular, marcava 7:00. Pensei cá com meus botões: tô atrasadíssima. Levantei rapidamente, coloquei os chinelos, afaguei a cabeça do cachorro e fui até o banheiro tomar banho. Toalha. Cadê a toalha? "-Amoooooooooor, cadê minha toalha?", o pobrezinho do namorado estava tirando uma gostosa preguiça na cama ainda, quando foi asustado pelos meus berros histéricos matinais. "-Não sei, mulher, não sei... vê se não tá na área de serviço.", ele respondeu calmamente, sim ele ainda estava calmo. "-Pega pra mim! Já tô no banho...", respondi de forma - falsamente - manhosa. "HA-HA-HA, você é muito folgada mesmo... nem ligou o chuveiro ainda", nesse momento notei um pequeno tom de alteração de humor na voz dele. Liguei o chuveiro "Pronto, tá ligado, pega pra mim agora...". Ele não falou mais nada, mas levantou-se e caminhou de forma bastante sonora até a área de serviço. Naquele momento, percebi que havia conseguido irritá-lo. Normal, depois passa. Ele entrou no banheiro, com a toalha da mão e nem me olhou. "-Obrigada!" arrisquei. Silêncio. Ixi, ficou furioso mesmo.
Desliguei o chuveiro, peguei a toalha e comecei a me secar. Saí do box. Ao sair, piso em algo molhado. Xixi do cachorro. "-Caralhooooo, Quixote... poxa... custa, custa segurar o xixi um pouquinho??", o cachorro permaneceu me olhando e balançando o rabo - se é que aquele toquinho que ele tem pode ser chamado de rabo. Sóo que eu conseguia ouvir naquele momento eram as gargalhadas - irritantes, diga-se de passagem - do meu namorado. Lavei o pé, limpei o xixi do cachorro e fui até o quarto. Ele permanecia na mesma posição costumeira: atirado na cama. "-Poxa, já acordei, já tomei banho, já limpei o xixi do cachorro e você continua aí, deitado... você não cansa de não fazer nada?", falava gesticulando tanto que até me passou pela cabeça que minhas mãos que falavam por mim. Ele permaneceu com aquela cara de nada que ele sempre fica quando eu começo a implicar com ele "-Ué, diz pra mim uma coisa que você fez agora de manhã que eu poderia ter te ajudado, além de buscar a toalha que você SEMPRE, repito, SEMPRE esquece de levar pro banho? Ahhhh, por favor, não começa...". Enfrentando, era isso que ele fazia no momento. Ele estava enfrentando meu humor. "- Por que você está tão estúpido comigo?", perguntei eu com as lágrimas já rolando pelo rosto. "Aiiii meu saco, eu não estou estúpido, você acorda toda irritada e estressada e quem "paga o pato" sou eu...", não entendo como ele não tinha me mandando pra puta que pariu ainda. Continuei me arrumando pro trabalho, enquanto ele permanecia em estado de inércia. Resolvi fazer greve de silêncio, sexo, e o que fosse necessário para ele não ser mais estúpido comigo. "- Não vai mais falar comigo, amor?" perguntava o namorado, começando a vestir-se para ir trabalhar, "-Uhn-uhn..." respondi.
Passei os outros 30 minutos sem trocar nenhuma palavra, nem mesmo com meu inconsciente. Entramos no carro. Liguei o rádio. Ele odeia quando ligo o rádio de manhã cedo, diz que ele prefere música só depois que já acordou. Ele não reclamou, não falou nada, só colocou a mão sobre a minha coxa, enquanto mantinha a outra no volante. Começou a tocar uma música que eu, simplesmente amo "Como pode ser gostar de alguéme esse tal alguém...", comecei a chorar, na hora, como se estivesse descascando cebola. "-Tá chorando?", perguntou o namorado, olhando-me com ar de "já sei qual o problema dela de hoje". Eu odeio quando ele acha que sabe tudo o que acontece e passa pela minha cabeça "-Não, tô rindo.", respondi ríspidamente. "-Que bicho te mordeu hoje, meu Deus... quanta ignorância numa pessoa só.", ele deu o recado de "continua assim e vai dar briga" e calou-se. Fomos até o meu trabalho, sem trocar nenhuma palavra. Ele só suspirava alto, como se fizesse de propósito para eu ouvir. Eu ficava olhando para rua, ignorando a presença do motorista o tempo todo. Olhei pra minha calça, estava suja. Ok, o que mais faltava me acontecer hoje? Acordei atrasada, o meu namorado acordou de mau-humor, pisei no xixi do cachorro, calça suja... o que mais? Como se meus pensamentos tivessem sido ouvidos por alguma força maior, o carro parou. Congestionamento há 2 quadras do trabalho. "-Vou andando!", comuniquei ao meu excelentíssimo namorado. "- Poxa, vou ficar nesse congestionamento sozinho?", resmungou ele, fazendo manha. "-Ahhhh, nem vem, tô atrasada, fui!", complementei, numa "delicadeza" inexplicável. Sai do carro, bati a porta e fui caminhando em direção ao trabalho. A bolsa. Esqueci a bolsa. Olhei para trás, o carro permanecia no mesmo lugar. Voltei em direção ao carro, ele só me olhava através do vidro frontal, rindo. Aquilo causou-me uma sensação de fúria mortal, e ele deve ter sentido o meu olhar raivoso penetrar o vidro do carro. Abri a porta. "-Veio me dar um beijo de tchau ao menos?", ele falava e ria ao mesmo tempo, eu podia fuzilar ele, "-Não, esqueci a bolsa.", quando falei isso, olhei no banco do carro e a bolsa nem estava ali. "-Só se você esqueceu em casa, no carro ela não está.", a voz dele tinha um tom de implicância incrível. Entrei no carro com uma irritação visível, "-Não começa, cadê a minha bolsa?", meu tom de voz já estava alterado. "-NÃO SEI!", dessa vez quem alterou o tom de voz foi ele e continuou falando "-SE VOCÊ ACORDOU IRRITADA, DE TPM, SEI LÁ, NÃO DESCONTA EM MIM, E PONTO...". O congestionamento começou a desfazer-se, e o meu trabalho começou a ficar mais próximo. Não via a hora de chegar no trabalho, sair daquele carro e ir aguentar qualquer pessoa, menos o meu namorado. TPM. Pfff, de onde ele tirou que tenho isso? Besta. Ele estacionou em frente ao meu trabalho, desci do carro rapidamente, e ia dirigindo-me a portaria do edifício "-Amor, nem um beijo?", resmungou o amado. Fui até ele, inclinei-me na altura dele e dei um rápido beijo nos lábios dele, "-Chata!", ele completou de forma "carinhosa". Subi até o escritório, bufando de raiva. Entrei na empresa, passando reto por todos os colegas e fui direto ao banheiro. Fechei a porta com força - não bati por que não estava em casa - olhei-me no espelho e comecei a chorar. "-Por que homem e tão insensível?" falava comigo mesmo em voz alta. Fui até minha sala, liguei o computador. Cólicas. Muita cólica! Ri. TPM. Ele novamente tinha razão. Peguei o telefone e disquei o número dele. "Tuuuu... tuuuu...", "-Alô?", com aquela voz mais linda do mundo que só ele tem, "-O-0-oii, amor... sabe queria pedir desculpa...", como eu odiava isso. "-Tudo bem, tenta se acalmar, não vai surtar até de noite... hoje é sexta, amor...vai pensando em algo bem legal para gente fazer depois que você cantar lá no pub...", lindo, ele é lindo... "-Pode deixar...", respondi suavemente. "-Eu te amo, mesmo você sendo assim, tão insuportável...", já contei que ele nunca fala isso? Pois é, mas falou. "-Vai te catar, guri!". Desliguei o telefone. Insuportável? Eu? Tsc, mas eu o amo, mesmo assim.

Senta aí e toma um cafezinho.

A Fran, minha queridíssima mais nova amiga, passou-me um teminha de casa, bem gosto de fazer... responder ao "Meme" abaixo. Tá aí, né... pra quem quiser fuxicar um pouquinho nas minhas coisinhas.

Quatro trabalhos que tive em minha vida:
Manicure, maquiadora, operadora de call center e hoje - enfim - Líder de Operações
* Quatro lugares em que vivi:
Porto Alegre (0 à 10 anos) - Rio de Janeiro (10 à 11 anos) - Porto Alegre (11 até os dias de hoje)
* Quatro Programas de tv que assistia quando criança:
Show da Xuxa, o da Angélica - que não lembro o nome, Sérgio Malandro e Mara Maravilha
* Quatro programas de tv que assisto:
CSI Miami, Gossip girl, Gilmore girls e documentários em geral
* Quatro lugares em que estive e voltaria:
Florianópolis, São Paulo, Buenos Aires e Flórida
* Quatro formas diferente que me chamam:
Pri, Prisci, Priquinita e o mais novo apelido Prisqüila
* Quatro pessoas q te mandam correios quase todos os dias:
Ju, Alison, O namorado e Web Noivas ¬¬
* Quatro comidas favoritas:
Feijão, Strogonoff, Churrasco, Sushi e Sashimi - comida todo mund consegue citar mais de 4 itens, que horror!
* Quatro lugares em que gostaria de estar agora:
Londres, Paris, Buenos Aires e nos braços do meu querido.
* Quatro coisas que espero que esse ano eu possa:
Tirar FINALMENTE a carteira de motorista, conseguir me mudar para SP, conseguir dinheiro para fazer a faculdade e emagrecer, claro!
* Quatro amigos para responder:
Báaaaaa...passo essa, posso pedir ajuda aos universitários?!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Yeah, it's really love.

Descobri que sou uma pessoa exagerada, e acredite isso foi bastante chocante para mim. Vejo defeito em tudo - e em todos - irrito-me com as manias dos outros e, sinceramente, achava que eu ficaria solteira para sempre - olha o exagero aí - por não conseguir me relacionar com ninguém que me agradasse por completo - aquela coisa de gostar até dos defeitos. Pois bem, passei a pensar que eu estaria melhor sozinha. Pra variar, assim como ocorreu anteriormente com todas minhas incríveis constatações, novamente, eu nunca estive tão errada em toda minha vida. Ele tornou impossível pra eu se quer tentar amar outra pessoa de agora em diante. Claro que isso não significa que eu amo até os defeitos dele - eu realmente não amo - mas aprendi a suportar. Aprendi que um relacionamento maduro não se faz só de momentos fofinhos, beijinhos e abraços e passeios olhando o pôr-do-sol. Relacionamentos continuam sendo complicados. A essência do relacionamento não mudou, o que mudou foi o modo com que penso e ajo em relação a ele.
E, agora, eu não sei o motivo pelo qual o deixei antes - até sei, eu era uma menina doida, doida doidinha e imatura, vale ressaltar. Quando sai do carro dele, batendo a porta com força, eu pensava que eu poderia substituí-lo facilmente. Na realidade, foi exatamente o que fiz. Mas nem ele - o ex - nem ninguém conseguiu me amar da forma pura e intensa que ele fazia - sentia - com a maior naturalidade. Ele sempre me amou sem motivos e sem porquês. Então percebi que eu estou mimada pelo amor desse garoto. Não importa o quanto eu tente mudar a minha mente, não importa qual seja a razão, é só uma perda de tempo. Eu estou mimada pelo toque, cheiro, língua, lábios... dele. O amor que ele me dá, envolve-me com uma serenidade, que é completamente difícil de confrontar. Eu tentei me convencer que o esqueceria numa semana ou duas, mas isso foi há 3 anos atrás.
Eu nunca tinha visto o amor tão personificado como eu vejo nele. E eu estaria apenas me fazendo de tola se eu tentasse acreditar que haveria espaço no meu coração para mais alguém... e blá, blá,blá... blá,blá,blá... Eu e amo e ele e ponto

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Maybe it's love.

Acho incrível a necessidade que temos de adjetivar até os sentimentos que nos afetam. Confesso que comigo isso não se faz diferente. Estava eu, sentada no sofá e assistindo televisão, afagando os "cabelos" dele e, pra variar, comecei a pensar o que seria aquele punhado de sensações que ele tem me proporcionado. Comecei então a listar - na minha cabeça - como definimos o amor. Parece - e na realidade até creio que seja - prepotência da minha pessoa tentar definir um sentimento indefinível, mas tenho que tentar entender o motivo pelo qual eu não confesso que o que eu sinto por ele, realmente, é amor. Nessa "altura do campeonato" a televisão já era somente um objeto fazendo barulho, e a novela já nem me prendia a atenção. Passei então a adjetivar o amor. Compreendê-lo, conhecê-lo profundamente, ouvir cada pensamento, ver cada sonho e saber dar-lhe asas quando ele quiser voar, é algo que não costumo sentir com tanta freqüência por alguém. Sinto-me repousando mesmo quando estou desamparada dos braços dele. A necessidade que sinto em dizer-lhe o quanto ele realmente é desejado por mim a todo momento, é uma verdade que não consigo mais esconder nem de mim, nem de ninguém. Ele é o único que põe um sorriso no meu rosto e faz com que um simples olhar transforme o meu dia. Ele precisa de mim para dizer-lhe que, dessa vez, vai durar para sempre. Eu preciso dele para fazer com que ele faça durar para sempre. Sei exatamente como segurá-lo, e ele sabe exatamente como preciso ser tocada. Preciso respirá-lo, sem cautela e sem moderação. Sinto necessidade em saboreá-lo, famintamente, não querendo desgrudar-me do corpo dele nem por um segundo. Já consigo sentí-lo em meu sangue e quando olho nos olhos dele, posso ver nossos filhos que ainda não nasceram. Então, sinto que tudo o que ele precisa é de um pouco de confiança, abraços bem apertados, ternura até ao falar. Hoje sei que, sendo assim, ele estará sempre ao meu lado, cuidando bem de mim e fazendo com que eu perceba que eu o amo, cada diz mais. Ah, eu amo... e como amo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Você não me entende.

Eu estive acordada a noite toda, pensando em algo que pudesse amenizar nossa situação. Os pensamentos -negativos, claro - rondavam minha cabeça, fazendo com que eu pensasse que estava prestes a te perder. E cada vez que eu abria a boca para argumentar o que você me dizia, você me olhava com os olhos molhados, como se estivesse entendendo tudo ao contrário. Passei a madrugada tentando compreender como uma simples discussão pode fazer com que nós saíssemos tão machucados? Perguntava-me como, nesta nossa cama, coube um mundo entre eu e você? Nós dissemos "boa-noite", mas o silêncio era tão íntimo que se conseguia cortar com uma faca, podíamos ouvir as nossas respirações, mesmo estando em cômodos separados.
O cansaço que a briga proporcionou ao meu corpo, faz com que eu reflita que, agora, você finalmente é o único que meu coração pode - e quer - sentir. Coloquei toda minha confiança em suas mãos, junto com um punhado de esperança e você transformou isso em felicidade plena. Chegue perto de mim, olhe nos meus olhos, cá estou, para você, toda, tua, nua, intensa, exata, só para você. Você não me entende, meu querido, não quero enchê-lo de palavras, veja nas minhas atitudes o quanto eu quero você. Você parece não saber que preciso demais de você, como se ignorasse o fato de que eu tenho passado meus dias respirando você. Você não entende que meus sentimentos atingiram o clímax da satisfação, meu amor.
Então, a manhã chega e você está procurando por mim na nossa cama como se tudo estivesse igual. Permito-me acreditar que as coisas não vão mudar, e isso me causa uma sensação de alívio. Alívio em saber que você está ao meu lado e não pretende sair. Quando você beijar minha boca e puxar meu corpo para perto, quero que sinta meu coração acelerada e saiba que ele vem pulsando somente por você. Talvez não haja jeito de sanarmos cada um o medo do outro, então cada vez que você sentir medo de me perder, abrace-me e saberás que não vou mais te deixar. Por que pra você é tão difícil notar isso? O mundo todo já sabe, meu amor.
Finalmente, a nossa solidão encontrou um novo amigo e nos abandonou para que possamos viver somente para dedicar-se ao nosso amor. Só peço que você perceba que vivo pelo seu toque e que é você quem quero amar. Entenda que meus sonhos e as coisas em que acredito, eu quero construir junto a você.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Só dele.

Eu, sinceramente, odeio aquele monte de fechaduras que ele colocou na porta do apartamento. É extremamente irritante perder, praticamente, 5 minutos do dia, fechando e abrindo fechaduras. Mesmo já estando irritada no início da manhã e estar quase atrasada pro trabalho, tentei respirar e ver algo de bom em toda aquela situação. Eis que enquanto eu tento fechar a porta e segurar a bolsa e a mochila, a vizinha da frente abre a porta. Eu já a conheço há uns 4 anos, e sei que ela somente abriu a porta para verificar o que estava acontecendo no corredor - de repente por que deixei cair o molho de chaves no chão mais ou menos 4 vezes, o que causou certo barulho. Ela me olha com aquele ar de bisbilhoteira e solta a frase: "Você é a mulher do D.? (preservarei o nome do amado para nossa privacidade), eu olhei para trás, tentando segurar o riso. Meu deus, mulher? Creio eu que nem sei o que é ser, realmente, mulher de alguém. Achei a pergunta dela extremamente estranha, virei para ela e disse: "-Mulher dele?", ela afirmou positivamente com a cabeça e completou: "-Pensei que sim, está na casa dele há quase uma semana." Após tal comentário, neguei-me a dirigir qualquer palavra para a vizinha - que está hora já me parecia a bruxa do 71. Como pode alguém, ter tempo suficiente na vida, para controlar a hora que entro e saio do apartamento dele?
Milhões de perguntas vieram a minha cabeça. Eu não sei nem exatamente ao certo se já estamos namorando, mas creio que esse excesso de convivência e intimidade devem-se ao fato de já termos vivido um relacionamento há alguns anos atrás. Sinto-me otimamente bem ao lado dele, na realidade não gostaria de desgrudar dele nem para ir trabalhar - ok, isso realmente se faz necessário - mas será que eu já estou preparada pro relacionamento que estamos trilhando? Tudo bem, as coisas vêm fluindo naturalmente, sem pressa e sem pressão alguma, mas aquele medinho de sofrer ainda faz eu me recolher um pouquinho no meu casulo.
Quando nos reencontramos, eu sei que não estava procurando nele alguém para conversar. Tenho meus amigos, estou mais do que bem em relação à isso. Tenho mais do que uma mulher poderia desejar, vivo meus sonhos, busco por ele e faço questão de não seguir todos os conselhos que derramam sobre mim. Então, ele entrou na minha vida, assim não mais do que de repente e me mostrou que eu estava sentindo falta de sentir algo real. Mostrou-me que tudo que eu precisava era de alguém que me visse - e aceitasse - tal como eu sou. E agora tudo o que peço quando vou me deitar e para não mais acordar sozinha, sem o corpo dele do meu lado. E quando a saudade bate, e o medo se faz presente, eu sei que a qualquer momento ele vai entrar pela porta de casa - da nossa? ou da dele? já nem sei mais - e me sorrir aquele sorriso que me deixa em completo frenesi, tomando meu corpo como se eu fosse o que ele mais quer no mundo - e eu sou!
Sei que a resposta para todas essas minhas inseguranças é na realidade a dúvida - idiota, confesso - em saber se com ele é, realmente, pra valer. Então, eu tenho a certeza de que logo lhe darei todo o amor do mundo, pois ele me conquista e cativa cada segundo mais. Muitas vezes me perguntei se o amor é uma ilusão, que faz com que passemos pelos dias mais solitários, mas ao lado dele vejo que não é. A solidão que o dia causa dentro de mim é somente a saudade que se manifesta em mim por não estar do lado dele. Não posso criticar, não tenho dúvidas ao que ele sente. Minha imaginação - e imaturidade - apenas me roubou - ou quem sabe postergou? - os momentos que eu viveria ao lado dele hoje. Sei que o amor dele manteve-se "para sempre" mesmo durante todos esses anos que estivemos separados, então como pude, um dia, ter tido coragem de jogá-lo fora? Sou humana, e toda pessoa que faz jus à sua espécie, faz cagadas na vida.
Então, fui caminhando pelo corredor do prédio, parei próximo às escadas. A vizinha continuava na porta, olhando para mim, como se esperasse uma resposta. Olhei para ela e sorri: "-Sou dele! Não se faz necessário nenhum tipo de classificação...", mas mesmo assim continuei irritada com o fato dela estar vigiando os corredores do prédio.

domingo, 21 de setembro de 2008

Quando a gente gosta tudo são flores, amores e blá blá blá.

Lavar louça nunca foi uma das minhas atividades favoritas, mas quando, praticamente, compartilhamos uma casa com alguém, temos que ajudar até nas tarefas domésticas. Após um delicioso almoço, eis que ele só me olha e diz: "-Lavar ou secar?", como tenho verdadeiro asco por secar louça, lá fui eu pegar na esponja. Ele consegue fazer com que eu sinta-me bem até lavando louça, o que é algo um tanto preocupante, visto que sou uma preguiçosa nata. Entre um prato lavado e uma colher secada, um beijo e junto do beijo minha cara completamente boba. Felicidade é algo realmente muito peculiar. Ela não avisa quando vai chegar. Deparamo-nos um dia chorando, achando a vida uma total desgraça - bem estilo dramalhão mexicano - e no outro sorrindo e achando tudo perfeito. Claro que mergulhar de cabeça em águas desconhecidas pode ser arriscado, mas e quando as águas já são pra lá de conhecidas e você sabe exatamente como lidar? Felicidade total. É um tanto engraçado este sentimento interior que vem me invadindo cada dia mais e mais. Eu não sou do tipo de pessoa que consegue esconder facilmente as sensações que rondam o meu ser, mas sinto que não estou transparecendo a ele tudo o que ele me faz sentir ao seu lado.
Não tenho criado muitas expectativas, nem tenho esperado muita coisa, mas se tivesse que agir de uma forma completamente passional, aceitaria hoje mesmo o pedido que ele me fez de manhã: "- Por que tu não vem morar comigo?". Não, dessa vez, vou procurar a razão antes da emoção. Como diz minha mãe, "no início tudo são flores...".
Então ele me dá aquele sorriso e age daquele jeitinho ranzinza e perfeccionista, encantando-me por completo, e por fim, vejo que nossos defeitos e qualidades somam-se de uma forma que tornam nossa convivência maravilhosa. Bate-me, de repente, um medo de perdê-lo por não suprir as expectativas dele. Sei que ele me ama, sei que ele sabe que ainda não o amo. Como mostrar para ele todo o sentimento que ele fez brotar e crescer dentro de mim? Como fazê-lo perceber que o que vive em mim, ainda não é amor, mas é forte o suficiente para eu querer tê-lo ao meu lado o tempo todo? Queria ser uma escultora para poder esculpir esse sentimento e mostrá-lo que é tão lindo quanto o sorriso dele. Quem sabe se eu fizesse poções e o fizesse tomar uma, ele se embebedaria com esse sentimento que me invade e provaria do gosto que sinto nos lábios, quando os lábios dele tocam os meus. Eu sei que não é muito, porém é o melhor que eu posso fazer, pra te mostrar o quão grande é essa emoção, meu presente são estas palavras e ela são para você. E não me importo mais em esconder nosso romance, quero que ele conte para todo o mundo que eu sou novamente sua mulher. Sei que talvez isso não seja tão importante, mas não quero mais escondê-lo, pois sei que é com ele que os bons sentimentos fluem em mim. Sei que ele não gosta muito dessa forma de demonstração de carinho, mas eu espero que ele não se importe que eu tenha colocado em palavras como a vida é maravilhosa agora que ele está no meu mundo. Sentei-me na rede, e o embalo dela foi me proporcionando inspiração. É tão difícil conseguir colocar num papel exatamente o que se passa dentro de mim, mas o sol estava adorável enquanto eu escrevia este texto e fez com que tudo fluisse.
Cada toque, cada beijo, fazem com que eu perceba de que são para pessoas como ele que devo fazer com que minhas palavras e pensamentos permaneçam vivos. Não quero permanecer muito tempo afastada dele, então o que eu realmente quero dizer é que os olhos dele são os mais doces que já vi... e são os únicos que hoje me fazem sorrir.

sábado, 20 de setembro de 2008

Tudo assim tão desigual.

Fiquei parada durante horas, sentada na cadeira em frente ao computador do quarto dele, admirando ele dormir. Todo encolhido embaixo do edredom verde quentinho, com aquela cara de bravo - que até dormindo ele tem. Incrível como aquele quarto, aquela casa, permaneciam intactos, da mesma forma que estavam desde que terminamos. As fotos nos porta-retratos, o pijama que eu tinha deixado lá, as pantufas embaixo da cama. Tudo como estava quando parti. Não que ele não limpe a casa, não é isso. Mas ele não se desfez de nada que eu deixei. Ele não mudou nada de lugar, como se os objetos tivessem sido uma maneira que ele encontrou de ter minha presença por perto. E isso me delicia, delicia-me por completo. Deixa-me com sorriso bobo no rosto.
Começo então a entender o real sentido do amor. Amor não é palavra, é atitude. Ele nunca foi de fazer-me grandes declarações, nem de recitar-me poema algum. Palavras para ele sempre foram desnecessárias. Ele odiava qualquer tipo de DR, e odiava os Eu te "amo's" que eu tanto cobrava dele. E foi assim que terminou: "Você não me ama! Você nunca fala pra mim" eu gritava, esperneava, com os olhos molhados e a pele exalando raiva. Ele me olhava de modo desorientado: "-Não falo mesmo, não gosto de falar... acho desnecessário, sempre te disse...", ele dizia pausadamente. Aquele jeito dele de nunca se irritar e abalar com nada, agredia-me e atiçava-me a irritação. "- Quero ir pra casa, agora!", e foram essas as minhas últimas palavras.
Agora, parada ali, olhando aquele apartamento, eu via e entendia todas as minhas interrogações. Passou pela minha cabeça, como se fosse um filme, tudo o que a gente tinha vivido junto. Lembrei-me da vez que liguei para ele às 2h da madrugada querendo vê-lo e ele passou na minha casa 20 minutos após isso. Lembrei-me do dia que atravessou a cidade só para me dar um beijo no intervalo do curso pré-vestibular. Atitudes, ações. Ele sempre fez um punhado de coisas para demonstrar que me amava, e eu clamava por palavras.
Namorei alguém após isso que me enchia de palavras. As melhores palavras que podiam existir. Palavras que não foram verdadeiras. Esse alguém nunca me amou, e mesmo assim eu continuava acreditando em palavras. Nunca vi atitude alguma, o "alguém" havia sido bom mesmo com palavras.
Hoje isso martela na minha cabeça. Sempre cobrei palavras dele, e nunca dei valor às atitudes que demonstravam o quanto aquele homem me amava. Injusta. Fui injusta com o único cara que me amou de verdade em toda a minha vida. Mesmo assim, ele estava ali, dormindo e esperando o meu beijo de bom dia. Isso é amor. Agora tudo tornava-se claro novamente. Amar definitivamente não era alimentar ilusões, amar é dedicar-se a quem você ama. Amar não é recitar belos versos, amar é dar um abraço e aconchegar quem se ama, sem dizer uma palavra. Amar não era querer, incondicionalmente, o "pra sempre", amar é dedicar-se, completamente, ao "agora".
Aquele quarto, sala, cozinha e banheiro, todos com a minha cara. Sobre a mesa de cabeceira, a foto dos dois deitados na rede. Na estante, o primeiro sapo de porcelana que comprei de presente pra ele - sim, ele ama sapos! Cada cômodo um pouco de mim, ou uma lembrança de nós dois. Passaram-se 3 anos e o cara que não me dizia "Eu te amo!" e não dedicava poesias, continuava apegado à mim. Amor. Amor mesmo, não paixão.
Assim como o sentimento dele permaneceu intacto, as minhas reações ao lado dele também permaneceram. E é incrível, pois eu continuo não entendo o porquê que tudo que ele faz, faz com que eu queira sorrir. Eu não posso não gostar de certas coisas em algum momento? Não compreendo o porquê que quando eu o chateio, ele somente me cala com um beijo, fazendo com que eu esqueça por que a discussão começou. Não entendo por qual motivo ele me ama sem porquês, e por qual motivo eu preciso tanto dele a todo momento.
A mágica do olhar dele me afeta de tal maneira que me deixa cheia de interrogações. O beijo enfraquece-me, tornando-me uma menina ao lado dele. Impossível que alguém me conheça de forma mais profunda, pois ele sabe a forma exata de me agradar desde o jeito com que enlaça o braço na minha cintura até o jeito que ele cuida de mim quando não estou bem. Creio que é por todos esses motivos, que ele sempre me encantará.
Estou sentada nessa cadeira, há 1 hora pelo menos, procurando ainda as respostas para tantos porquês e interrogações, então ele acorda, espreguiçando-se e reclamando: "Já está acordada? Vem pra cama...". Aquele jeito ranzinza de ser, e as palavras em tom imperativo já não me abalam. Ele é o homem que realmente sabe - e sempre soube - como me fazer bem. Então deito do lado dele, e o beijo dele novamente cala meus pensamentos, fazendo-me perceber que não existem respostas para minhas interrogações, existem atitudes.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Que fluam os sentimentos.

Fechei-me pro amor. Não que eu não acredite na existência desse sentimento surreal, mas eu, simplesmente, achava que eu não estava preparada emocionalmente para sentir dor novamente. Nunca pensei que algo desse naipe fosse me causar um trauma dessa forma. Já pensei em traumas, mas de forma mais "palpável" e violenta. O amor é algo violento? Não, não penso que seja, mas devastou-me internamente por completo. Passei noites pensando que sofrer desse modo, uma única vez, já era o suficiente. Constatei que foi tudo em vão - o trauma, o medo, o casulo que criei à minha volta. O tempo passa, e por mais incrível que pareça, a dor também. Aquele velho - e sábio- ditado que sua vó já falou para sua mãe, e sua mãe, por vez, falou para você, é real. O tempo cura tudo. Então, algo aconteceu. Pela primeira vez - após alguns anos sem vê-lo - eu estive com você. Meu coração se derreteu pelo chão, como se agora apalpasse - coração apalpa? whatever! - algo real. Já nem ligo mais pra promessa que fiz com minha imagem refletida no espelho. Não, definitivamente, não quero ser cética em relação ao amor. Amor é vida, é sorriso, é olhar, é carinho. Se faz sofrer de forma dolorida, não é amor. O sofrimento que o amor causa é saudável. É aquela dorzinha no peito esperando uma ligação. É aquela saudade que corta por dentro.
Não, não estou apaixonada. Apenas não estou mais criando barreiras para te manter afastado. Para falar a verdade, nem sei o que vai acontecer. Planejamentos! É exatamente disso que eu não preciso agora. Quero viver, cada dia, intensamente. Amanhã? Dane-se, o que me faz forte nesse momento é o meu "agora", e é nele que quero me focar. Meu coração estava trancado por uma veia, que impedia que qualquer sentimento entrasse nele, mas impedia também que qualquer sentimento saísse. Então, você me lança esse sorriso e abre passagem, desobstrui esse entupimento nocivo e eu deixo fluir. Que flua a passagem e saída de sentimentos. Que saía a dor e entre a calma. Que caiam as lágrimas e brotem sorrisos. Que saia ele e entre você.
A dor esvaindo-se do meu peito, fala alto. Eu tento muito não ouvi-la, mas ela fala muito alto. O som cortante enche meus ouvidos, dizendo-me para não me entregar. Tenta me encher de dúvidas. Eu sei que o objetivo dela é me proteger das decepções. Mas, nesse momento, nada é maior - e melhor - do que o risco que vem do seu abraço. Por mais que eu veja o rosto dele aonde quer que eu vá, é o seu rosto que me proporciona a paz que me invade por completo.
Você está "drenando" toda a dor que eu tinha em mim. Você não espera nada em troca. Você alimenta meus anseios. Você renasce o meu eu. Finalmente, você desperta a minha vontade de ter alguém, novamente.
A sua calma transformou minhas feridas em cicatrizes. Eu não as escondo. Não as omito. Eu já amei alguém. Não escondo nem de mim, nem de você. Confesso que até pensei, por muito tempo, que não poderia viver sem ele. Que não poderia amar sem ele. Mas você chega com esse sorriso, e arrebata todo o meu ser. Agora percebo que doeu muito, mas cicatrizou, e sorrio. Tudo ficou bem com o tempo. Vou sorrir, e fazer você sorrir também, pois você merece.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Receba seus aplausos.

Estive pensando, não sou aquele tipo de mulher que se encanta e admira qualquer coisa, mas você, ahhh, você... confesso, você merece. Então, que tal uma salva de palmas? Gostaria que todos se pusessem de pé e aplaudissem você. Por que? Vou contar, querido.
Você parece tão idiota toda vez que resolve vir atrás tentando se desculpar. Sinceramente? Você fica tão feio quando "chora", mas não tente fazer com que eu acredite que isso realmente é sincero... Por favor, corta essa! Então, você se re-aproxima, com aquele jeitinho de amante depressivo, tentando convencer-me de que você está arrependido. HAHAHA... Não, você não está... Sei que o seu arrependimento surge por que FINALMENTE você foi pego. Mas você costumava montar o seu showzinho de sentimentalidades e realmente me fazia acreditar que você podia ser melhor. Mas agora é hora de ir, as cortinas finalmente estão se fechando. Aquilo foi mesmo um show, muito interessante, mas agora acabou! Meu amor, siga em frente e receba os aplausos!
Pegue suas poesias e palavras falsas e saia da minha vida. Já ouvi suas desculpas patéticas mais de um milhão de vezes, você realmente acha que sou tola? Falando a todo "Guria, eu te amo, você é única", isso até parece encantador, mas vindo de você, agora, causa-me repulsa. Por favor, o que mais vai dizer?
Agora que você está sem saída, que sua máscara está caindo, que sua dor está alimentando o meu sorriso, você grita que nunca me amou e espere que eu vá chorar? Não, amor... Tuas reações são tão previsíveis quanto as tuas atitudes.
Não posso deixar de premiá-lo, enquanto durou, foi um belo show. Parabéns! Dedico o prêmio de melhor mentiroso para você, por me fazer acreditar que você poderia ser fiel a mim. Vem cá, receba seu prêmio, estou ansiosa pelo seu discurso.
Foi mesmo um show muito interessante, mas agora acabou. Siga em frente, receba os aplausos e vá para casa, montar seu próximo espetáculo, pois esse show, já acabou.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Estranho é gostar tanto do seu all star azul.

Reencontros sempre causam algum tipo de expectativa nas pessoas. "Como vai ser?", "Será que é a mesma coisa?" são uma das perguntas que ecoam na nossa cabeça, conforme a hora de se reencontrar vem chegando. Acontece que, dessa vez - confesso que foi a primeira vez que aconteceu desse modo- eu não esperei nada. Não esperava um toque, um beijo, um abraço. Tudo aconteceu, simplesmente, aconteceu. O beijo não estava sendo esperado, não foi programado eu dizer tal coisa e como resposta ganhar o beijo dele. Não. Os lábios se tocaram com uma simples troca de olhares entre tentar prestar atenção no filme e esperar a pizza ficar pronta.
Cheguei a conclusão de que a expectativa mata a real espontaneidade de um encontro. Por que esperamos tantas atitudes de alguém? Por que não contentar-se em esperar... esperar o que vai acontecer, esperar o que vai se sentir quando estiver ao lado da pessoa.
Os abraços foram confortantes, como se o mundo não mais importasse. A paz que invadiu a sala, naquele momento, fez com que os problemas sumissem dos meus pensamentos. Os braços dele envoltos no meu corpo - que no momento estava gelado por causa do clima ameno da cidade ¬¬ - causavam-me uma sensação de proteção que há muito eu não sentia. Eu estava feliz, novamente, feliz. Abri um largo sorriso, o que fez com que ele me perguntasse imediatamente o porquê das risadas. Eu o corrigi: "-Não estou rindo, estou sorrindo." e ele: "-Por que?". Nada respondi, não tinha o que falar, eu estava feliz, somente. Beijei-lhe a boca, mordiscando com carinho e aproveitando aquele momento mágico.
A presença dele esclareceu a minha mente, acalmou os meus sentimentos, como se o mar entrasse na minha casa interior, lavasse as mágoas e me trouxesse calma. Subitamente, toda a dor se esvaiu. Até quando? Não sei. Já não importa. Ontem fui feliz, e hoje continuo sendo.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A boa garota ficou má? Uhum.

Não importa o horário que eu tente ligar, se ele não estiver "disponível" para mim naquele momento, ele não atenderá. Após inúmeras lágrimas e ligações, ele retorna, inventando qualquer desculpa barata:"- Amor, estava no banho, falando ao telefone, conversando com a mamãe...". Sempre acreditei, mas agora? Não, não. Ele some quando está vitimando outra pobre garota. Palavras belas, poesias dedicada à cada uma... Caráter? Zero. Poderia até completar dizendo que ele é cruel, mas não... ele é ele, espero que isso não o ofenda. Quantas noites passei esperando por ele, enquanto ele estava com os amigos em uma farra qualquer. Ele conecta e a conquista começa, ela vai sentindo-se envolvida e ele curte o jogo, mais e mais. Calma, espere, logo ele ganhará outro troféu. Todas são as mais belas e amavéis do mundo, hoje, sinto dizer, mas sei que ele é o mais cachorro. Embebeda ela, afogando-a com o "amor" indescritível que ele diz sentir, ela logo estará apaixonada. Quando a vítima estiver no ponto, ele parte para outra - mais outra. Ela é apenas mais um "caso", e ele logo colocará o coração dela na sua estante. PARABÉNS, MAIS UMA!
É fácil para uma garota boa ficar má, e uma vez que ela se torna assim, pode acreditar que ela se torna pra sempre. Ele não deveria querer ser a razão para que isso aconteça, melhor ele aprender como nos tratar bem... ou então, aguentará as conseqüências. Ele me transformou numa garota má, e é para sempre. Ele foi firme ao me dispensar. Suas doces palavras transformaram-se em risadas maquiavélicas. Ok, pode ir embora... logo ele voltará. Por meses, aguentei milhões de e-mails e recados das suas conquistas, mas agora não mais. Passou minha vez, perdeu sua chance. Ele sabe que nunca conseguiu enganar-me por completo, e no fundo acho que isso o fez se apaixonar por mim, mais e mais. Até tentei acreditar nele algumas vezes, mas continuei achando números de telefones e recados dúbios. Enfim, eu não posso mais aguentar, não quero mais aguentar. Vá!!! Continue com a falsidade crônica e a maldade no falar, cansei de ser um dos troféus dele.
Então, ele pensa que vai me ganhar novamente, ele pensa que vai me tocar novamente, mas só o que ele vê é um recado explícito de ADEUS dizendo que é o fim. Eu fiz minha parte, mas ele não quis ser melhor, então: tchau.
Por fim, cansei de escrever para "ele" vou escrever para "você": foi você quem me transformou numa garota má, e é para sempre.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Não tenho mais tempo.

Ele pensa que os dias dele são monótonos. Passa horas divagando que falta-lhe sentido à vida. Explica-se dizendo que não quer mais nada com ninguém, mas na verdade quer, na verdade tem, na verdade é - de outra. Ele pensa que ninguém pensa nele... Ele pensa que ninguém pensa em mim. Eu, finalmente, vou encontrando forças para seguir meu próprio caminho. Eu, finalmente, aceito que - no momento - devo seguir sozinha pelo meu próprio caminho. Ele continua pensando que os dias dele são comuns, e lamenta-se por não conseguir ser diferente por mim. Pergunto-me então, se ao menos ele tentou? Que seja, isso já não importa. Os problemas que enfrentamos são distintos, mas cada um nos fere na sua devida proporção. Nós todos somos iguais, e nos machucamos do mesmo modo. Ele volta a pensar que ninguém nunca pensa nele, enquanto eu mal posso respirar sem ele por perto, mas eu vou tentando. No fundo sei que o desprezo que ele emana sobe mim hoje, são as lágrimas que suplicarão o meu amor novamente amanhã. Sorrio e digo que não tenho tempo para ele agora, não, não posso mais. Penso nas pessoas solitárias, e procuro achar formas de não pensar em mim como participante desse contexto. Então penso no dia que eu o encontrei e menti para mim mesma que tudo ficaria bem. Com o castelo que contruí com tijolos de ilusões, pintei um universo onde só eu morava, só eu. Então, vi tudo se dissolver ao meu redor, e percebi que por muito tempo não tive tempo para perceber que só eu vivia aquele amor. Então, quando ouvir aquela doce voz ao pé do meu ouvido, dizendo que me ama, direi que não tenho tempo para ele agora, não quero mais, não consigo mais, vou me reconstruir. Pessoas solitárias rolam ladeira abaixo e eu continuo vendo-me no meio delas. Meu coração estava aberto para ele, mas novamente eu o fechei. Não tenho tempo para cuidar dele nem do seu coração. Estou ocupada, colando os pedaços do meu.

Digitais.

Eu estava aqui tentando não pensar no seu sorriso, mas me peguei sonhando com sua voz ao pé do ouvido e te liguei. Encontro-me tão ferida, e um dia já te vi também em carne viva. Será que não tem jeito? Esse amor ainda nem nasceu direito, pra morrer assim.
Se você pudesse ter me ouvido um pouco mais. Se você tivesse tido calma pra esperar. Se você quisesse poderia reverter. Se você crescesse e então se desculpasse. E se você soubesse o quanto eu ainda te amo, mas meu coração não aguenta mais. Pensando bem, não vou voltar atrás, raspe dos teus dedos minhas digitais. Eu não quero mais voltar atrás, apague da cabeça o meu nome, telefone e endereço. Fato que após tudo o que sei, não consigo mais viver com você. Arranque do teu peito o meu amor cheio de defeitos. Mata-me essa vontade de querer tomar você num gole só. Dói fundo na alma essa lembrança das suas mãos em minhas costas, sob o sol da manhã. Você já me dizia: conheço bem as suas expressões. Você já me sorria ao final de todas as minhas canções, então por que agiu de tal modo?

Hoje.

O desenho que a chuva faz quando bate na janela do meu quarto, causa-me uma inquietação revoltante. Estou há horas sentada perto da janela, olhando pra rua... não, minto... não olho pra nada, somente olho. As lágimas nem rolam mais pela minha face, acho que já sequei por dentro. Por que os relacionamentos terminam dessa forma? Como um mesmo alguém pode ser responsável um dia pela tua maior alegria e felicidade e no outro pelo inferno que sua vida se transformou?
Nossa aliança de noivado rola de uma mão para outro, e já não encontro forças para nem ao menos tentar colocá-la no dedo - só pra ver como fica. Os dias em que vivi sorrindo ao lado dele, hoje estão embaçados, pelas lágrimas que existem na minha alma. Por alguns momentos, pensamentos de nós dois juntos rondam minha cabeça e sorrio. O sorriso dura poucos instantes, pois o choro chega para borrá-lo, como se não permitisse que o meu riso existisse.
Dói. Há 1 ano e 6 meses, não tem um dia em que não acorde angustiada, e para ser sincera, já houve noites que deitei para dormir, pedindo a Deus para não mais acordar. Soa-me como se esse amor me estigmatizasse o tempo todo. Como se eu estivesse pagando por um pecado que cometi, e ao pensar nessa possibilidade só lembro-me de tê-lo amado - ainda amo - incondicionalmente.
Já perdi noites e dias, semanas e meses, pensando em algo de errado que eu pudesse ter feito, mas nada me vem à cabeça. E quando ouço a voz dele, tudo fica calmo novamente, meu coração acelera e meu corpo amolece, como se sofrimento já não mais existisse.
A sensação de felicidade sempre dura pouco. O telefone é desligado e um turbilhão de mágoas e lágrimas volta à tona. Dói, novamente.
Até onde esse amor me faz bem? Não sei, para falar a verdade, nem sei se me faz bem. Fato é que não existe algo no mundo que eu deseje com maior intensidade do que vê-lo, novamente. Ninguém entende, mas os beijos dele, os abraços dele, o sexo com ele, tudo era ótimo. Tudo deixava-me num estado de frenesi enlouquecedor. Porém as ligações não atendidas, as mentiras e traições fazem-me viver numa atmosfera de insegurança e tristeza.
Amo. Amo-o como nunca amei ninguém, e nunca irei amar. Para ele, doei-me por completa e são só dele os meus carinhos. Mas o amor que sinto por ele, que outrora fazia-o exibir aos quatro ventos, hoje causa vergonha - ou não sei o que - e o faz esconder de todos que existe alguém que o ama.
Será que os novos amigos sabem que eu existo, ou até mesmo existi na vida dele? Os velhos amigos sabem, mas o contato com eles já é escasso, praticamente inexistente. E todas as meninas que ganham dele o carinho que eu venero, sabem que eu fui - ou sou? - o amor da vida dele? Deixem-no em paz. Ele é o meu preto, meu amor, meu neném... meu tudo.
NÃO! Retiro o que disse, quando ele quiser - se quiser - ele volta atrás e lembra que o sonho que hoje vive somente na minha cabeça, um dia já foi - e pode ser novamente - realidade.

domingo, 14 de setembro de 2008

Queijo quente, café preto, lençóis brancos.

A manhã estava ensolarada, como se o dia tivesse sido escolhido a dedo para alegrar dois corações apaixonados. O sol já batia sobre a cama, banhando com um terno calor, nosso ninho de amor. Meu corpo nu, estava estrategicamente coberto pelo lençol branco e os meus cabelos escurtos espalhavam-se pelo travesseiro. Tento abrir meus olhos, vagarosamente. O cansaço se apossava do meu corpo, mas a vontade de amar aquele homem era maior. Com os olhos semi-cerrados, deslizo minha mão pela cama e nada encontro ao meu lado. Abro os olhos, rapidamente, o coração pulsando agoniado. A insegurança era tanta, que hoje, só de pensar, repugna-me. Sento na cama, tapando os seios com o lençol, cabelos desgrenhados de tanto serem alisados, puxados e amados pelo meu homem. Abro um sorriso, ali está ele, sentado à porta do banheiro do quarto, sorrindo pra mim.
"-Bom dia! Você é ainda mais linda ao acordar... estava horas sentado aqui, admirando seu corpo em repouso...". Olho no relógio do celular dele, são 7:40h. "-Nossa, você não dormiu? Por que acordou tão cedo?" disse eu, "-Não consegui dormir, passei a noite em claro, olhando você... levantei da cama, mexia-me muito, não queria te acordar..." disse ele, "-Trouxe café." ele completou.
Olhei sob a mesa de cabeceira, um copo com café quente, já adoçado, e uma embalagem de isopor com um queijo quente (que aqui no Sul, nós nomeamos de Torrada). Sorri para ele. Aquilo só podia ser um sonho. Passei meses, madrugadas, trocando palavras de amor e carinho com ele, e agora ele estava ali, bem na minha frente, tomando café-da-manhã comigo. Nunca em toda minha vida senti-me tão bela. Ele observava-me como se eu fosse uma obra-prima sentada sob a cama. Meu corpo nu, coberto somente pelo lençol branco, contrastava com a minha pele levemente bronzeada e meus cabelos escuros, que caiam sobre o ombro, destacando os meus olhos verdes.
Eu comia somente para agradá-lo, não sentia fome alguma. Por um momento até pensei que poderia passar a vida me alimentando dos beijos e carinhos dele. Queria conhecer a cidade, mas ao mesmo tempo eu pensava que poderia ser um desperdício de tempo, pois isso minimizaria os momentos em que nossos corpos nus arderiam na cama.
Chamei-o para deitar-se ao meu lado. Como era divino dividir a cama com ele, sentir o corpo quente dele junto ao meu e beijar-lhe a boca com extremo carinho e cuidado, como se ela fosse a coisa mais delicada do mundo. As mãos dele não cansavam de me explorar e a boca dele tinha a mesma curiosidade. Minha boca percorria cada centímetro do corpo dele, e o amava delicadamente. O corpo dele veio por cima do meu, o encaixe era perfeito, como se fôssemos peças que se completavam de um quebra-cabeça. Ele me tomava com tanto amor e carinho, invadindo-me com cuidado e cobrindo-me com palavras de amor. Sentia-me mulher pela primeira vez. A sensação era tão magnífica que não imaginava-me fazendo amor com outra pessoa nunca mais - e isso realmente aconteceu. A partir daquele dia, meu corpo e meu prazer eram só dele, e só ele sabia como aguçá-los. Chegamos ao clímax do nosso sexo, juntos e era tão puro, que não me soava como pecado... era algo divino.
Resolvi tomar um banho. Levantei-me da cama, ainda nua e dirigi-me ao banheiro. Os olhos dele seguiam minha silhueta se afastar, e eu já não tinha vergonha alguma dele. Abri o chuveiro, a água morna percorreu o meu corpo, mas parecia-me gelada, pois meu corpo ainda ardia de prazer. Minhas pernas estavam trêmulas, minha carne tremia de desejo. Sorri. Eu estava amando, perdidamente, pela primeira vez. Ele adentrou no banheiro, abraçou meu corpo nu, e tomou-me novamente em seus braços. Sua língua procurava a minha, e suas mãos apertavam-me delicadamente. A água envolvia-nos numa atmosfera mágica, e o amor que fazíamos era cada vez mais maravilhoso e selvagem. Ainda temos 7 dias.

sábado, 13 de setembro de 2008

Banco cinza do metrô.

Nunca, em toda a minha existência, eu havia andado de metrô. E eu me sentia tão entusiasmada, que já não sabia se tamanha euforia eram motivadas pelo "andar de metrô" ou por estar do lado do cara que eu mais amava no mundo. Sim, pode parecer maluco, mas desde o momento que o vi no aeroporto, a minha certeza - o que pode ser considerado praticamente milagre, devido a incerteza personificada que é o meu ser - de que ele era O CARA pra mim, só se fez maior ainda...
Agora, sentada ali, no banco do metrô, de mãos entrelaçadas com ele, meu coração continuava pulsando forte e meus olhos - brilhando - não desviavam dos dele. Ficava parada tentando achar milhões de argumentos que pudessem definir um sentimento assim... por fim, desisti. Acho que ao longo da nossa vida, perdemos muito tempo procurando porquês (não sei se está certo escrito assim) e motivos para tudo que nos acontece. Fato é que algumas coisas, simplesmente, acontecem, e não são vivenciadas por nós para serem entendidas, definidas, descritas... apenas para serem SENTIDAS.
Que maravilhosa é a sensação de sentirmos algo, mas quando junto com essa sensação percebemos que a pessoa ao lado também sente a mesma coisa - ou praticamente igual - é mais entusiasmante ainda.
Meu corpo estava queimando de desejos e vontades por aquele homem, que por incrível que pareça, eu já conhecia como a palma da minha mão - ou achava isso. Cada beijo que dávamos, fazia minhas pernas amolecerem, como se eu estivesse dando o primeiro beijo da minha vida. A presença dele ao meu lado, proporcionava-me um misto de emoções e sensações que minha mente não conseguia captar e conduzir, mas que meu corpo e corações sabiam direitinho. O modo com que eu me apertava contra o corpo dele, como se quisesse invadí-lo e morar dentro dele, pra sempre, transpareciam a vontade que eu tinha de ser mulher dele, aquela noite ainda, e todas as outras que ainda viriam. O sorriso dele e a malícia no olhar, revelavam que ele sabia, exatamente, o que o meu corpo estava pedindo... e isso o agradava muito, pois ele não conseguiu deixar de transparecer que seu corpo ardia do mesmo modo que o meu, cada vez que nossas línguas se tocavam.
Dividíamos o mesmo mp4, ouvíamos - pela primeira vez juntos - todas as músicas que já faziam parte da nossa trilha sonora, o que soa mais maluco ainda, pois nossa história já tinha uma trilha, antes mesmo de se consumar.... mas e daí, a história se consumava naquele momento, e toda vez que nossos olhares se cruzavam, eu tinha a certeza de que ela não teria fim.
Era incrível como as horas longe dele tinham custado tanto a passar, e como agora, pareciam segundos, pois cada vez que eu olhava no relógio, já haviam se passado 15 minutos, 30 minutos. Deu-me uma vontade de gritar: PÁRAAAAAA, TEMPO! PÁRA!!!!! DEIXE-ME AMAR EM PAZ. Eu sabia que a revolta com o Sr. Tempo era em vão, então passei a curtí-lo mais e mais, sem desgrudar do corpo dele nenhum minuto.
Comecei a pensar mil coisas - ok, eu já estava pensando, mas minha mente não conseguia parar, era muita informação, sensação ao mesmo tempo - até que deparei-me com um escrito na parede do metrô: Assento preferencial para gestantes, idosos ou portadores de deficiência física. Olhei os assentos, eram cinzas. Nesse momento não consigo recordar-me da cor dos outros assentos, mas aqueles à nossa frente, eram cinzas. Olhei para ele e falei:"-Amor, quando formos bem velhinhos, vamos passear de mãos dadas de metrô, sentados naqueles bancos ali à frente. Após falar, senti-me uma tola, meu Deus.... estavámos juntos há 1:30h e eu já falava no futuro... que tolice. Imaginei ele fazendo uma cara de desconcertado e me dizendo: Não vai dar mais! Então, ele me olhou, beijou-me os lábios e me abraçou tão forte, que se alguém nos olhasse naquele momento - e estava olhando, pois desde que ficamos juntos, todos os olhares desviavam-se pra nós, como se as pessoas pensassem: - Lá vai o casal mais apaixonado do mundo! - pensaria que éramos um só.
Não, nunca desejei que fôssemos um só. Desse modo, seríamos metade cada um, e eu, nossa, eu queria ser inteira, inteira dele, inteira para preenchê-lo de amor e alegria inteiramente. Éramos dois. Dois corações, dois corpos, duas pessoas e um só amor. Isso. Era exatamente isso.
Eu já não aguentava mais ficar em metrô, trem, ônibus. Pareceu-me que o quarto, o nosso quarto de hotel, era mais longe do que Porto Alegre. Não tinha pressa para que o tempo passasse, tinha pressa para que ficássemos só, LOGO, para que ninguém testemunhasse todas as vontades, desejos e tesão que corriam pelos nossos corpos.
Por um momento, pensei que eu estava pensando em voz alta, pois toda vez que minha ansiedade pelo quarto do hotel aflorava, ele segurava mais forte a minha mão, puxava-me contra ele e me dava um beijo. De repente, ele levantou e disse: "-Vem, vamos descer!". Ahhhhhhhhhhhhhh, aleluia. Hotel, hotel, hotel! Era só o que eu pensava.
Como em qualquer história de amor - não, isso não é uma história, mas não sei como definir agora - os fatos engraçados não deixam de existir. Ao chegarmos no hotel e entrarmos no quarto, não queria parecer faminta por ele - tudo bem, eu estava, mas não queria transparecer - fui tirar as coisas da mala. Eis que, ao abrir a mala, tem shampoo espalhado POR TUDO. Pensei comigo mesma: "-Ótimo, que ótimo, pagando "mico" na frente do cara que eu mais amo no mundo."
Ele somente sorriu e disse pra eu tirar tudo da mala e limpar, pra não ficar sem ter o que vestir nos próximos dias. Nesse momento, a voz da minha mãe - que agora já soava-me como uma profecia - ressoava na minha cabeça: "-Filha, não coloca o shampoo na mala, vai estourar." Ahhhhhh, como eu odiava não tê-la ouvido, mas paciência. Eu estava de quatro, literalmente, limpando a mala - isso não estava nos meus planos - e ele estava sentado na cama, despindo-se... O QUE????? Ele estava tirando a calça e colocando uma bermuda, e o que vou dizer agora pode parecer ridículo, mas eu fiquei completamente corada. Como sentir vergonha de ver a pessoa que você ama trocando de roupa? Não sei, mas senti.
Mala limpa, roupas no chão. Olho pra ele, ele está fumando, sentado na cama, olhando fixamente pra mim. Eu sorrio e abaixo a cabeça - hábito que tenho quando estou envergonhada - e ele me puxa pela mão. Nossas bocas se colam novamente, as mãos dele deslizam pelo meu corpo - ainda vestido - e eu penso:"-Esse vestido esvoaçante não era a melhor opção para este momento.". Ele deita-se na cama, puxando-me por cima dele, sem desgrudar minha boca da dele, minha mão tateia a parede atrás do interruptor. Achei. Luzes apagadas. Desejo no ar.