segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Seu mundo no meu e vice-versa.

Batidas de um coração apressado, bochechas corando e eu aqui, esforçando-me para resistir aos teus encantos. Sonhando acordada, sentada, fumando um cigarro no café da esquina. E você me olha aquele olhar tentador. E você me sorri aquele sorriso doce. E eu? Despedaço-me, juntando forças para me recuperar desse abalo císmico que você provoca em mim quando se aproxima. Trêmula, digo um punhado de palavras sem sentido, na tentativa de não transparecer o nervosismo que você faz brotar em mim. Inútil. Você sempre nota, sempre sorri e sempre me beija da mesma forma.
Por que você tem que ser tão fofo? É impossível ignorar você. E quando penso que conseguirei, finalmente resistir, eu pego-me envolvida nos teus braços. Chega a ser engraçada a forma com que você me faz rir. Pois meus lábios não colam-se quando estou ao seu lado. Ou estou sorrindo, ou estou te beijando. E nós somos dois mundos completamente diferentes. Queremos coisas completamente diferentes. Vivemos vidas completamente diferentes. É uma pena que mesmo com tantos contras, a gente ainda consiga se dar tão bem. Seria tão mais fácil se não existisse essa conexão entre nossos mundos. Mas é sempre tudo igual. Beijos e mordidas. Abraços e amassos. Cheiros e olhares. Línguas e dentes. Boa noite e até a próxima.
Você é tão desligado, e isso me atrai tanto. Nunca sequer percebe que sempre sigo você até em casa, mesmo que eu não queira ir para casa ainda. Só faço isso para te ver por mais tempo. Você caminha com os fones no ouvido, e você dança, e você canta. Você é tão você, que isso me torna tão sua, mesmo não querendo - e não devendo - ser. Por que você torna todos os momentos ao seu lado tão maximizados? É justo eu gastar horas do meu dia, pensando em um simples passeio de mãos dadas até a loja de conveniência?
Olho você pelas cortinas abertas da minha sala, e tudo o que vejo é você na mesma rotina diária, zapeando pela tv, relaxado no sofá e apoiado com os pés sobre a mesa de centro. Penso eu que você pensa que está só, quando tudo o que eu queria era estar a sós com você. Se nossas vidas são tão chatas sem a companhia um do outro, por que insistimos em vivermos tão separados, cada um do seu lado da rua?
Dia desses estarei entediada em casa e você tocará na minha campainha, e virá ficar comigo. Nós beberemos e conversaremos sobre tudo. Daremos boa noite e até mais, milhões de vezes um pro outro e logo após arranjaremos qualquer desculpa pra ficarmos acordados, só para ficarmos mais tempo próximos. E nossas rotinas seriam você dormindo aqui e eu dormindo lá, do outro lado da rua.
Vejo você aprontando-se para dormir. Tenho que confessar que você fica tão atraente nesse pijama de listras, mesmo que pareça tão cafona. E quem sabe então o aquecedor do seu quarto possa estragar. E a noite está tão fria - para minha vantagem. Quem sabe você olhará para a minha janela e me verá sorrindo para você. Você vestirá seu casaco e calçará seus chinelos e saíra pela porta. E eu verei você atravessando a rua, coberta pela neve branca, e ouvirei a campainha do meu apartamento tocar. E, finalmente, nós ficaremos bem. Nós ficaremos bem juntinhos. Quem sabe, dali em diante, não sejam somente boa noite e até logo. Quem sabe sejam bom dia, boa tarde, bom almoço e bons sonhos?